quinta-feira, 30 de outubro de 2014

REFLEXÕES SOBRE O SACERDÓCIO




Existe uma necessidade de padres na Igreja Ortodoxa Sérvia. A necessidade é contínua. Cada ano padres que tem servido a Igreja fielmente chegam à idade de se aposentar. Novos padres são necessários para continuar o trabalho em paróquias estabelecidas quando os padres se aposentam.
Padres são necessários para o trabalho missionário para pregar o Evangelho e servir a Igreja em áreas onde não existem padres. Novas áreas de missão estão se expandindo na América assim como refugiados vem chegando a um número relativamente grande. Novas comunidades de sérvios estão em desenvolvimento e sacerdotes são necessários para servir a eles.
Sacerdotes são necessários para auxiliar paróquias existentes durante férias, períodos de doença e quando a carga de trabalho é demasiado excessiva para o sacerdote atual. A escassez de substitutos disponíveis em vários lugares, particularmente no auge de períodos de vacância. Além disso, quando paróquias ficam vagas e quando doenças atacam inesperadamente, padres que poderiam servir interinamente são muito necessários. Grandes paróquias podem usar da presença de um segundo sacerdote para auxiliar com a pesada carga de trabalho.
Enfrentar a necessidade de sacerdotes requer a atenção de cada um na Igreja. Pais precisam encorajar seus filhos a considerar o sacerdócio. Sacerdotes precisam informar e educar os paroquianos sobre a necessidade de padres. Fiéis precisam ser sensíveis à necessidade de sacerdotes e dar os passos necessários para encorajar indivíduos com interesse no sacerdócio.
A chegada ao sacerdócio envolve um chamado. Alguns jovens decidem muito cedo que desejam ser sacerdotes. Eles se matriculam num seminário muito jovens e são ordenados rapidamente depois que casam. Os homens que decidem na juventude que possuem o chamado para o sacerdócio tem muitos anos para dar de serviço ao Senhor.
Outros chegam ao sacerdócio num estágio mais tardio da vida. Alguns homens precisam ser convencidos de que o sacerdócio é para eles. Precisam de encorajamento exterior. Às vezes algo vai acontecer que fará com que um homem pense seriamente acerca da direção que sua vida esta caminhando. Ele praticará a ortodoxia com grande seriedade e eventualmente acabará no sacerdócio depois de progressivos estudos.
As famílias dos sacerdotes frequentemente são fontes de sucessivas gerações de sacerdotes. Pais e avôs que são sacerdotes terão filhos e netos que acabarão no sacerdócio por causa do exemplo que eles deram.
O sacerdócio requer um tempo de séria preparação. Estudos no seminário implicam preparação acadêmica, autoexame, oração e amor à adoração.
Cristãos ortodoxos preparando-se para o sacerdócio devem estar em dias com a Igreja. Um amor por Jesus Cristo e boa vontade para crescer em Cristo e servir Jesus Cristo são absolutamente necessários para o sacerdócio.
A entrada no sacerdócio presume um compromisso para toda a vida, boa vontade para servir Cristo por toda a vida. O sacerdócio não é um emprego de oito horas de segunda a sexta. O sacerdócio não é simplesmente um emprego de domingo em domingo e em feriados. O sacerdócio implica muito trabalho, mas não é um emprego. O sacerdócio é amor a Jesus Cristo e uma boa vontade para servir a Cristo nas Sagradas Ordens estabelecidas da Igreja.
Padres precisam conhecer a história da Igreja, as Sagradas Escrituras, os serviços da Igreja, os fundamentos do ministério, doutrina, vida dos santos, ser familiarizado com a iconografia e a música da Igreja.
Um sacerdote ortodoxo deve estar sempre disposto a aprender através da vida. Ele pode ser chamado para pastorear num cenário urbano, pode se defrontar com paroquianos que falam diferentes idiomas, precisará lidar com problemas familiares e médicos dos paroquianos e pode ser chamado para ajudar em todos os tempos do dia ou da noite.
Entrar no sacerdócio requer que o indivíduo esteja em boa saúde física e mental e disposição para cuidar do seu corpo e mente para que possam servi-lo bem no sacerdócio.
Jejum e oração são parte da vida de um sacerdote ortodoxo. Não pode ser sacerdote sem jejum e oração. Cuidar da alma, atenção ao arrependimento e compreensão a sua pecaminosidade deve ocupar a concentração de um sacerdote.
Um padre deve ser tolerante e compreender os outros, disposto a prestar atenção, a ouvir, a perdoar. Um sacerdote deve acreditar no sacerdócio e na santidade do trabalho.
Um padre deve ser confiável, manter a verdade do serviço. Ele não deve fazer nada para violar essa confiança e os mais altos padrões morais e éticos esperados dele. É necessária vigilância constante.
Deus ajuda os padres. O trabalho do padre é imenso. O padre precisa ser atento a Deus. Quando o padre entende que ele está servindo a Deus e que Deus proverá neste serviço, o trabalho se tornará manejável.
A Igreja é hierárquica. Os sacerdotes têm bispos para aprender com eles, procurar orientação e serem obedientes. Um padre deve estar disposto a ouvir seu bispo, a ser obediente a seu bispo e a dar suporte a seu bispo.
Ser um padre pode trazer enriquecimento à família do padre. A oportunidade de servir nos ofícios religiosos com grande frequência, ter acesso a uma igreja em uma base regular e ter recursos da igreja para o aprendizado são benefícios inestimáveis​​.
Padres tem a oportunidade de ajudar os paroquianos em importantes momentos de suas vidas... nos momentos do nascimento, batismo, matrimônio e em tempos de crise e sofrimento.
Padres tem a oportunidade de pregar o Evangelho e testemunhar Cristo todos os dias. Proteger-se do demônio e suas tentações é uma necessidade diária do padre.
Mudanças culturais e sociais desafiam o padre a permanecer firme no seu propósito, chamado e visão. Um padre deve saber quando deve ser flexível, quando estar atento, quando deve ser simpático e quando ser absolutamente firme e imóvel.
Um padre ortodoxo sérvio precisa estar familiarizado com as práticas da Igreja Ortodoxa Sérvia. Ele precisa ser hábil em comunicar-se bem com os paroquianos que ele serve. Deve estar disposto a ensinar e a aprender.
A ordenação liga o padre com os Santos Apóstolos através da imposição das mãos pela ordenação episcopal. O padre deve o maior respeito a seu ofício pastoral. Deve dedicar-se em honrar o ofício que pelo qual ele vive e serve.
O padre vive uma vida visível. Ele deve estar disposto a ser observado. Precisa estar aberto para comentários e auxílios construtivos do povo ao qual serve. Deve estar disposto a ser observado. Deve viver uma vida que seja consistente com os ensinamentos e práticas da Igreja,
Para ser bem sucedido, o padre deve desenvolver um senso interior de paz centrado em Deus. Essa paz interior é mais bem desenvolvida em oração e jejum e atualizada pela participação nos Sagrados Sacramentos e na celebração dos Serviços Divinos da Igreja.
A maioria dos padres serve em paróquias. Certo número vive em mosteiros, ensinam em seminário ou trabalham em posições administrativas na igreja. É esperado de todos os padres que sejam ativos liturgicamente e sacramentalmente.
Certa resistência mental é necessária para o sacerdócio. Ele deve ser capaz de controlar suas emoções, de ver para além do imediato para as questões subjacentes. A preparação para o sacerdócio deve incluir uma visão abrangente, a vontade de servir em circunstâncias difíceis, quando elas surgirem.
Padres são chamados para ajudar quando tragédias acontecem. Deus provê a graça necessária, o amor  e a força. O padre deve viver sua vida num caminho que o habilite a receber o poder de Deus quando necessário. Espera-se que o padre viva uma vida pastoral. Certos tipo de comportamento e atitudes não fazem parte na vida de um padre.
Um padre está ligado com os outros padres. Eles servem juntos. Eles compartilham uma identidade e um vínculo em comum. Padres devem ser capazes de trabalhar entre si. Padres precisam dar suporte uns aos outros.
Padres têm famílias. As famílias devem ser cuidadas pelos padres. É necessário um equilibrio que assegure a família do padre viva uma vida saudável. O padre deve estar pronto para servir seus paroquianos quando esses precisarem dele. Os membros da família devem ter certo entendimento que emergências médicas e crises na paróquia ocorrem sem aviso prévio e o padre deve atende-las.
A oração ajuda o apdre a encontrar o equilibrio em sua vida. As orações guiam o sacerdote a crescer no sacerdócio.
Homens jovens que consideram o sacerdócio devem falar com seus padres e com seu bispo. Homens de meia idade não devem desconsiderar o sacedócio simplesmente por causa de suas idades cronológicas. Pais fazem bem quando encorajam e dão suporte a dúvidas dos adolescentes que consideram o sacerdócio.
Materialismo, atletismo ou outras atividades profissionais não devem estar num mais alto patamar nos valores familiares que o sacerdócio. Muitas vezes, tarde demais, as pessoas percebem os valores na vida que são duradouros. Precisamos de padres. Padres sempre serão necessários.
Cada família ortodoxa tem a responsabilidade de dar suporte aos indivíduos interessados em tornar-se padres. Cada paróquia tem uma responsabilidade em encorajar os indivíduos que  que consideram o sacerdócio.
Cada fiel pode dar suporte a mais padres através do suporte da bem sucedidas Escola de Teologia São Sava em Libertyville, Illinois. A Escola de Teologia São Sava tem sido uma fornecedora constante de padres neste continente desde a sua criação.
O sacerdócio não é para qualquer um. O sacerdócio é para aqueles que são absolutamente sérios sobre o sacerdócio. O sacedócio é para aqueles que desejam estar dispostos por toda a duração da vida, a estudar e servir.
Para os homens de qualquer idade que fazem a escolha de seguir e servir a Cristo e à Santa Igreja Ortodoxa, as oportunidades de realização e crescimento são imensuráveis​​.

Padre Rodney Torbic


O Natal, os Reis Magos e os presentes





O Oriente cristão comemora o Natal em 07 de janeiro. A maioria das igrejas ortodoxas celebra com uma liturgia na véspera na noite do dia 06 que no ocidente corresponde ao dia dos Reis Magos. A Tradição e a Sagrada Escritura comentam que José e Maria buscam um lugar em Belém para o menino nascer e não encontram, pois  “ o colocam numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem (Lc 2: 7) ”. A passagem mostra que ainda hoje o menino busca espaço para poder nascer; e hoje nos corações  “também não existe espaço para ele” mesmo que em seu nome se faz a festa e muitas vezes Ele nem está presente...

O evangelista São Mateus (cap 2: 1-12) é o único a fazer o relato da passagem dos Reis Magos. Esta é uma das mais bonitas e mágicas passagens das Escrituras e dá o clima de especial  que a festa de Natal nos proporciona: luz, encantamento, misterio, magia e presentes...Segundo a Santa Tradição os Reis Magos eram conhecedores profundos das ciências dos astros e seguindo uma brilhante estrela desde o oriente vieram  para adorar  o Rei nascido em Belém e trazem seus presentes: ouro, incenso e mirra. Daí o Natal é um tempo de dar presentes. Em primeiro lugar o Menino Deus é um presente de Deus Pai para toda a humanidade e vem nos oferecer a salvação e mais, a possibilidade de tornarmos Filhos de Deus, por Cristo, e cidadãos do Reino.
Os presentes que os Reis Magos oferecem ao Menino-Deus,  segundo lemos em Mateus 2:1-12, são  o Ouro: por que Ele é Rei; Incenso: por que é Sacerdote; Mirra: por que é Profeta. Em verdade, Cristo presenteia à humanidade com a sua Encarnação entre nós, Ele é o presente, daí este tempo deve ser comemorado de verdade. Mas o Natal se transformou numa festa pagã mesmo! Infelizmente as pessoas não sabem mesmo o que comemorar, ficamos entre o consumismo e o sentimentalismo culposo, alguns têm e outros não têm o que comemorar...é tempo de lembrar o que deixamos de fazer: confraternizar, abraçar, beijar e presentear. E Cristo onde fica?  Bom, não se sabe.... Cada vez mais o Natal sem Cristo é a tônica, a origem e fim do Natal se perdem.

Mas os Reis Magos, tudo indica sabiam o que comemoravam, a final de contas vieram de muito longe para adora-lo como Rei, Sacerdote e Profeta... Ele era o centro da sua viagem...

Natal é tempo de presentes e de trocas. Cristo nascendo da Virgem Maria de quem toma sua carne, asssume nossa humanidade nos oferece a salvação e a deificação pela qual seremos cidadãos do seu Reino. Se nós diferentemente dos Reis Magos não temos nem ouro, nem incenso nem mirra para oferecer-lhe, segundo o comentário de Paul Evdokimov, na falta de ouro ofereçamos a virtude da obediência, pois pela obediência à Deus suprimimos toda auto-suficiência e toda dominação vinda do mundo. Aquele que obedece à Deus  domina o mundo e se torna regiamente livre. Em troca Deus lhe confere a dignidade da realeza, que é o domínio de si próprio e está liberto de toda dominação imposta pelo mundo. Esta é a Realeza do Reino. (Meu Reino não é deste mundo...)

Se não temos incenso, ofereçamos à Deus a virtude da castidade (significa estar inteiro naquilo que fazemos e não fragmentados), que consiste na desapropiação e consagração total da existência. Encontra-se na estrutura do espírito e na oferta sacerdotal. Cristo concede em troca a dignidade sacerdotal pela qual o cristão vive sua natureza litúrgica, pois, criado à semelhança da Santíssima Trindade ele é comunhão. O cristão oferece-se a si próprio em sacrificio, renuncia  a si , oficia a própria liturgia, torna-se oferta viva à Deus: este é o incenso que agrada à Deus (um perfume de espiritual suavidade). Pela castidade o homem não está mais dividido, o homem se oferece inteiro a Deus.

Se não temos mirra, ofereçamos a virtude da pobreza. Esta é abertura e receptividade aos designios de Deus. É penetração profética que só quer conhecer e ouvir o Verbo de Deus  e só aspira a uma posse: os dons do Espírito Santo. O modelo é São João o Precursor, para quem sua única alegria está no Senhor. `A virtude da pobreza  Cristo corresponde com a dignidade profética . O profeta é o amigo do Esposo, aquele que se diminui para que Ele apareça. A tarefa do profeta é ver o que os olhos não viram. Somente na pobreza de si é que possui os dons do Reino, pois os pobres herdarão o 
Reino, pois os cheios de riqueza e de si próprios não encontrarão lugar no Reino...

No Natal por tanto, Cristo nos confere verdadeiros presentes, que são as três dignidades dos filhos de Deus: Em Cristo nos tornamos um povo de Reis, Sacerdotes e Profetas, para isto é necessário uma verdadeira troca de presentes entre nós e Cristo. Este é o Mistério do Natal, a festa é verdadeira, os presentes também, o aniversariante é Cristo. Nós os participantes da festa.

A Igreja guardou esta Tradição à semelhança de Maria a Mãe de Deus guardou estes presentes, pois o Menino-Deus nem podia sequer agradecer os presentes aos Reis Magos.

Que a festa de Natal nós tranfigure em verdadeiros seguidores de Cristo e que possamos aceitar e trocar com Ele nossos presentes é o que mais desejamos neste período.

Um Feliz Natal a todos, pois o nascimento de Cristo nos nossos corações é sempre hoje!!!

Arcipreste Alexis Peña-Alfaro
Paróquia da Dormição da Mãe de Deus
Vigário Geral da Igreja Sérvia no Brasil

Santa Bárbara, Grande Mártir


A Santa Barbara Grande Martir viveu e sofreu, durante o reinado do imperador Maximiano (305-311). Seu pai, o pagão Dioskoros, era um homem rico e ilustre da cidade fenícia de Heliópolis; cedo ficou viúvo, ele concentrou toda a sua atenção na terna devoção a sua única filha. Vendo a beleza extraordinária da Bárbara, Dioskoros decidiu manter ela escondida dos olhos de estranhos. Para isso, ele construiu uma torre, onde além de Bárbara, estavam presentes apenas os professores dela. Por dias, ela foi capaz de contemplar as colinas arborizadas, os rios que fluem rapidamente, e os prados cobertos com uma manta alegremente manchado de flores, de noite o cofre do harmoniosa e majestosa do céu brilharam e proporcionou um espetáculo de beleza indescritível. Logo a moça começou a se questionar sobre a Causa Primordial e Criadora deste harmonioso e esplêndido mundo. Aos poucos ela se convenceu da idéia, que a ídolos foram apenas o trabalho de mãos humanas e, embora seu pai e professores a adorem-os, os ídolos não eram suficientemente inteligente o suficiente para formar o mundo circundante . O desejo de conhecer o Deus Verdadeiro vinha consumindo tanto a alma de Bárbara, que ela decidiu dedicar sua vida inteira a isso e passar a vida na virgindade.

Mas a fama de sua beleza espalhaou-se pela cidade, e muitos pediram a mão dela em casamento. Mas, apesar das súplicas cativante de seu pai, ela recusou. Bárbara advertiu seu pai, que sua persistência pode acabar de forma trágica e separá-los para sempre. Dioskoros decidiu que o temperamento de sua filha havia sido afetado por sua vida de reclusão. Portanto, ele permitiu que ela deixasse a torre e deu-lhe total liberdade na escolha de amigos e conhecidos. A donzela, assim, encontrou na cidade jovem confessores da fé em Cristo, e eles revelaram os seus ensinamentos sobre o Criador do mundo, sobre a Trindade, e sobre o Logos Divino. Através da Providência de Deus, depois de um certo tempo, chegou em Heliópolis um padre de Alexandria o guia de um comerciante. Ele realizou o sacramento do Baptismo sobre Bárbara.
Durante esse tempo
a luxuriante casa de banhos de Dioskoro estava sendo construída. Por suas ordens os trabalhadores preparados para colocar nele duas janelas do lado sul. Mas Barbara, valendo-se da ausência de seu pai, pediu-lhes para fazer uma terceira janela, sob a forma de uma trindade de luz. Sobre a entrada da casa de banhos Barbara estampou  uma cruz, que foi duradoura em pedra. Nos degraus de pedra da casa de banhos lá mais tarde ficou a marca de seus pés, enquanto dentro da água a fonte havia secado, reaparecendo mais tarde, com grande poder de cura, - tanto que Simeão escreveu sobre os sofrimentos dos santos mártires comparava com o poder vivificante do fluxo da Jordânia e da piscina de Siloé. Quando retornou Dioskoros expressou sua insatisfação com a mudança de seu plano de construção, a filha lhe contou sobre seu conhecimento do Deus Uno e Trino, sobre o poder salvífico do Filho de Deus, e sobre a futilidade de adorar os ídolos. Dioskoros entrou em um acesso de raiva, pegou uma espada e estava a ponto de bater nela. A menina fugiu de seu pai, e ele correu atrás dela em sua perseguição. Seu caminho ficou bloqueado por uma colina, que abriu e escondeu a santa em uma fenda. Do outro lado da fenda foi uma entrada para cima. Santa Bárbara, em seguida, conseguiu se esconder em uma caverna na encosta oposta do morro. Após uma busca longa e infrutífera busca por sua filha, Dioskoros viu dois pastores em uma colina. Um deles apontou-lhe a gruta, onde a santa tinha escondido. Dioskoros bateu terrivelmente na sua filha, e depois a trancou com fome. Finalmente, ele lhe entregou ao governador da cidade, chamado Marciano. Bateram em Santa Bárbara ferozmente: feriram-a com tiras de boi, agrediam suas feridas com um cilício. De noite, a donzela rezava fervorosamente ao Santa Esposo Celeste, o próprio Salvador apareceu e curou as feridas. Então eles submeteram a santa a ainda mais cruéis tormentos.

Em meio a multidão de pé perto do lugar do suplício da mártir estava a cristã Juliania, uma moradora de Heliópolis. Seu coração se encheu de compaixão pelo martírio voluntário da bela donzela e ilustre. Juliania igualmente quis sofrer por Cristo. Ela começou em voz alta a denunciar os torturadores, e apoderaram-se dela. Por um longo tempo as mártires foram torturadas: eles dilaceraram e rasgaram seus corpos com ganchos e, em seguida, levou-as desnudadas
ao escárnio através da zombaria no meio da cidade. Graças às orações de Santa Bárbara, o Senhor enviou um anjo, que cobriu a nudez das santas mártires com vestes esplêndidas. Os confessoras da fé inabalável em Cristo, Santas Bárbara e Juliania, foram decapitadas. Dioskoros mesmo executou Santa Bárbara. A ira de Deus não foi lenta para punir os torturadores, Marciano e Dioskoros:  foram atingidas pelos raios de luz.
 

 No século VI, as relíquias da Santa Grande Mártir Bárbara foram transladados para Constantinopla. No século XII, a filha do imperador bizantino Alexis Comnenes, a princesa Bárbara, tendo celebrado o casamento com o príncipe russo Mikhail Izyaslavich, transferiu-os para Kiev. Eles permanecem até hoje na catedral de Kiev, Vladimir.

Santa Camila

Santa Camila





Santa Camila, filha espiritual de São Germano de Auxerre, é contemporânea de Santa Genoveva de Paris (século V). Com suas irmãs ou primas Santas Porcaire, Máxima, Pallaye e Magnance ela morava perto de Civita Vechia Itália. Elas foram atraídas para Ravenna pela fama de São Germano que veio a esta cidade, sede imperial pedir ao imperador Valentiniano perdão e anistia para o povo de seu país amado a Bretanha, que se revoltara contra o Império Romano.

São Germano era velho e sua fama de santidade é imensa. Avisado de sua morte iminente, ele pediu a Imperatriz para levar seu corpo até seu bispado em Auxerre. Ele expira no ano de 448, assistido por seus muitos discípulos, que incluíam as quatro companheiras virgens ​​de Santa Camila. Elas acompanharam o funeral em sua longa e árdua jornada, no verão, de Ravenna à Auxerre.

Muitas vilas e cidades acompanharam a passagem do comboio porque muitos milagres aconteceram na invocação de São Germano. Com a aproximação das florestas de Morvan perto à Rouvray, Santa Magnance foi tomada pela febre e teve que abandonar o comboio perto da vila recebeu o seu nome. Sua companheira Santa Pallaye morreu perto de outra aldeia, que também recebeu o seu nome. Santa Camila também morreu a poucos quilômetros da entrada da vila, que atualmente leva o nome de Escolives-Sainte-Camille. Seu túmulo tornou-se a cripta da igreja, mas seu sarcófago foi poluído pelos huguenotes. A igreja da vila ainda é dedicada a ela e à seu nascimento para os Céus comemorada em 16 de março (calendário juliano). Santa Porcaire e Santa Máxima que acompanharam o corpo de São Germano até Auxerre.


 

O ícone representa Santa Camila, com uma lamparina em sua mão em outra podemos vê-la com uma vara que lhe auxilia na longa jornada de eremita. Ela deixou sua terra natal para acompanhar a pessoa que lhe mostrou o caminho de Deus, que acendeu a chama no fogo do amor. Não é acompanhando um morto, mas uma alma viva que semeia a vida em sua passagem que ela mostra esse amor e essa vida que a morte não pode alcançar. Ela semeou a terra de Auxerre com seu amor ardente e os habitantes desses lugares guardam a mais de 1500 anos, a memória de seu beneficente sacrifício e lealdade.

Que Santa Camila proteja-nos em nossas viagens e ajude-nos a manter nossa lamparina a diante.