Esta é uma resposta ao Dr. Alexander Kalomiros pelo padre Serafim Rose:
Finalmente
estou escrevendo minha réplica à sua carta sobre evolução.
A
questão da evolução é uma extremamente importante para Cristãos Ortodoxos, pois
nela estão envolvidas muitas questões que afetam diretamente nossa doutrina e
perspectiva Ortodoxas: o valor relativo de ciência e teologia, de filosofia
moderna e ensinamento patrístico; a doutrina do homem (antropologia); nossa
atitude frente aos escritos dos santos Padres (nós realmente levamos a sério
seus escritos e tentamos viver por eles, ou acreditamos antes de tudo na
moderna “sabedoria”, a sabedoria do mundo, e aceitamos o ensinamento dos santos
Padres apenas se harmoniza com essa “sabedoria”?); nossa interpretação das
Santas Escrituras, e especialmente do livro do Gênesis. No que segue, vou tocar
em todos esses assuntos.
Uma definição clara
Muitas
das discussões entre “evolucionistas” e “antievolucionistas” são inúteis, por
uma razão básica: usualmente eles não estão argumentando sobre a mesma coisa.
Cada um deles significa uma coisa quando ouve a palavra “evolução”, e o outro
significa alguma outra coisa; e eles argumentam em vão porque não estão nem
mesmo falando sobre a mesma coisa. Portanto, a fim de ser preciso, vou
dizer-lhe exatamente o que significo pela palavra “evolução”, que é o
significado que ela tem em todos os livros de evolução. Mas primeiro eu devo
mostrar-lhe que em sua carta você usou a palavra “evolução” para significar
duas coisas inteiramente diferentes, mas você escreve como se fossem a mesma
coisa. Você falhou aqui em distinguir entre fato científico e filosofia.
A. Você escreve: “Os primeiros capítulos da Santa Bíblia
são nada mais além da história da criação progredindo e sendo completada no
tempo. (...) A criação não veio a ser instantaneamente, mas seguiu uma
seqüência de aparecimentos, um desenvolvimento em seis ‘dias’ diferentes. Como
podemos chamar esse progresso da criação no tempo senão evolução?”.
Eu respondo: tudo que você diz é verdadeiro, e, se
você deseja, pode chamar esse processo da criação de “evolução” – mas não é
sobre isso a controvérsia acerca da evolução. Todos os livros científicos
definem evolução como uma teoria específica concernindo COMO criaturas vieram a
ser no tempo: por meio da transformação de um tipo de criatura em outro,
“formas complexas sendo derivadas de formas mais simples”, num processo natural
levando incontáveis milhões de anos. (Storer, “Zoologia Geral”) Adiante, quando
você fala sobre a “fera evoluída” Adão, revela que você acredita nessa teoria
científica específica também. Eu espero mostrar-lhe que os santos Padres não
acreditavam nessa teoria científica específica, muito embora este certamente
não seja o aspecto mais importante da doutrina da evolução, a qual está mais
fundamentalmente em erro concernindo à natureza do homem, como vou mostrar
abaixo.
B. Você diz: “Nós todos viemos a ser por evolução no
tempo. No útero de nossa mãe, cada um de nós foi a princípio um organismo
unicelular (...) e finalmente um homem perfeito”. É claro que todo mundo
acredita nisso, quer seja um “evolucionista” ou um “antievolucionista”. Mas
isso nada tem a ver com a doutrina da evolução que está sendo discutida.
C. Novamente você diz: “Adão foi de qual raça, branco,
negro, vermelho ou amarelo? Como nos tornamos tão diferentes uns dos outros
quando somos descendentes de um único casal? Não é essa diferenciação do homem
em diferentes raças um produto da evolução?”.
Eu respondo de novo: Não, isso não é o que a
palavra “evolução” significa! Há muitos e muitos livros na língua inglesa que
discutem a questão da evolução de um ponto de vista científico. Talvez você não
saiba que muitos cientistas negam o fato da evolução (significando a derivação
de todas as criaturas existentes pela transformação de outras criaturas), e
muitíssimos cientistas afirmam que é impossível saber pela ciência se a
evolução é verdadeira ou não, porque não há qualquer evidência que possa
conclusivamente prová-la ou desprová-la. Se você quiser, numa outra carta posso
discutir com você a “evidência científica” para a evolução. Eu asseguro-lhe
que, se você olhar essa evidência objetivamente, sem qualquer preconcepção
sobre o que encontrará nela, você descobrirá que não há uma peça de evidência
para a evolução que não possa igualmente ser explicada por uma teoria de
“criação especial”. Por favor, esteja muito claro que não estou dizendo que eu
possa desprovar a teoria da evolução pela ciência; eu estou apenas dizendo que
a teoria da evolução não pode nem ser provada nem desprovada pela ciência.
Aqueles cientistas que dizem que a evolução é um “fato” estão na verdade
interpretando os fatos científicos de acordo com uma teoria filosófica –
aqueles que dizem que a evolução não é um fato estão do mesmo modo
interpretando a evidência de acordo com uma diferente teoria filosófica. Por
pura ciência sozinha não é possível conclusivamente provar ou desprovar o
“fato” da evolução. Você também devia saber que muitos livros têm do mesmo modo
sido escritos sobre “as dificuldades da teoria evolucionária”. Se você quiser,
ficarei feliz em discutir com você algumas dessas dificuldades, que parecem ser
totalmente inexplicáveis se a evolução é um “fato”.
Desenvolvimento, não evolução
Quero
deixar muito claro para você: eu absolutamente não nego o fato de mudança e
desenvolvimento na natureza. Que um homem adulto cresce de um embrião; que uma
grande árvore cresce de uma pequena bolota; que novas variedades de organismos
são desenvolvidas, sejam as “raças” de homem ou diferentes tipos de gatos e
cães e árvores frutíferas – mas tudo isso não é evolução: isso é apenas
variação dentro de uma espécie ou tipo definido; isso não prova nem
mesmo sugere (a não ser que você já acredite nisso por razões não-científicas)
que um tipo ou espécie desenvolva em outro e que todas as criaturas presentes
sejam o produto de um tal desenvolvimento de um ou poucos organismos
primitivos. Eu creio que este seja claramente o ensinamento de São Basílio o
Grande no Hexaemeron, como vou agora apontar.
Na
Homilia V, 7 do Hexaemeron, São Basílio escreve:
Que
ninguém, portanto, que está vivendo no vício, desespere de si mesmo, sabendo
que, como a agricultura muda as propriedades das plantas, assim a diligência da
alma na busca da virtude pode triunfar sobre toda sorte de enfermidades.
Ninguém,
“evolucionista” ou “antievolucionista”, negará que as “propriedades” das
criaturas podem ser modificadas; mas isso não é prova da evolução a não ser que
possa ser mostrado que um tipo ou espécie pode ser modificado em outro, e ainda
mais que toda espécie muda em outra numa corrente ininterrupta desde o mais
primitivo organismo. Vou mostrar abaixo o que São Basílio diz sobre esse
assunto.
Novamente
São Basílio escreve (Hexaemeron, V, 5):
Como
então, dizem, a terra produz sementes do tipo particular, quando, após semear
grão, freqüentemente colhemos esse trigo negro? Isso não é uma mudança para um
outro tipo, mas como se fosse alguma doença e defeito da semente. Isso não
deixou de ser trigo, mas foi feito negro por queimação.
Essa
passagem pareceria indicar que São Basílio não acredita numa “mudança para um
outro tipo” – mas eu não aceito isso como prova conclusiva, já que desejo saber
o que São Basílio realmente ensina, e não minha própria interpretação
arbitrária de suas palavras. Tudo que pode realmente ser dito dessa passagem é
que São Basílio reconhece algum tipo de uma “mudança” no trigo a qual não é uma
“mudança para um outro tipo”. Esse tipo de mudança não é evolução.
Novamente
São Basílio escreve (Hexaemeron, V, 7):
Certos
homens já observaram que, se pinheiros são cortados e queimados, eles são
mudados em florestas de carvalhos.
Essa
citação realmente não prova nada, e eu a uso apenas porque ela foi usada por
outros para mostrar que São Basílio acreditava (1) que um tipo de criatura
verdadeiramente modifica num outro (mas eu vou mostrar abaixo o que São Basílio
de fato ensina sobre esse assunto); e (2) que São Basílio cometeu erros científicos,
já que essa afirmação é inverídica. Aqui devo afirmar uma verdade elementar: a
ciência moderna, quando lida com fatos científicos, decerto usualmente sabe
mais que os santos Padres, e os santos Padres podem facilmente cometer erros de
fatos científicos; não são fatos científicos o que procuramos nos santos
Padres, mas verdadeira teologia e a verdadeira filosofia que é baseada na
teologia. Ainda assim, neste caso particular acontece que São Basílio está
cientificamente correto, porque muitas vezes de fato acontece que numa floresta
de pinheiros haja um forte subcrescimento de carvalho (a floresta na qual
vivemos, na verdade, é um tipo similar de floresta mista de pinheiro e
carvalho), e quando o pinheiro é removido por queimada, o carvalho cresce rapidamente
e produz a mudança de uma floresta de pinheiros numa de carvalhos em 10 ou 15
anos. Isso não é evolução, mas um tipo diferente de mudança, e agora vou
mostrar que São Basílio não poderia ter acreditado que o pinheiro fosse
verdadeiramente transformado ou evoluído num carvalho.
Vejamos
agora o que São Basílio acreditava sobre a “evolução” ou “fixação” das
espécies. Ele escreve:
Não
há nada mais verdadeiro que isto, que cada planta tem semente ou há nela algum
poder gerativo. E isso explica a expressão “segundo sua espécie”. Pois o broto
do junco não é produtivo de uma oliveira, mas do junco vem um outro junco; e
das sementes brotam plantas relacionadas com as sementes plantadas. Assim, o
que foi produzido pela terra em sua primeira geração tem sido preservado até o
tempo presente, já que as espécies persistiram através de constante reprodução.
(Hexaemeron, V, 2)
Novamente,
São Basílio escreve:
A
natureza dos objetos existentes, postos em movimento por um comando, passa
através da criação sem mudança, por geração e destruição, preservando a
sucessão da espécie através da semelhança até atingir o extremo fim. Gera um
cavalo como sucessor de um cavalo, um leão de um leão, e uma águia de uma
águia; e continua a preservar cada dos animais por ininterruptas sucessões até
a consumação do universo. Nenhuma duração de tempo faz com que as específicas
características dos animais sejam corrompidas ou extintas, mas, como se
estabelecida recentemente, a natureza, sempre fresca, vai em frente com o
tempo. (Hexaemeron, IX, 2)
Parece
bastante claro que São Basílio não acreditava que um tipo de criatura fosse
transformado num outro, muito menos que toda criatura agora existente tivesse
evoluído de alguma outra criatura, e daí para trás até o mais primitivo organismo.
Essa é uma idéia filosófica moderna.
Devo
dizer-lhe que não considero essa questão como sendo de particular importância
em si mesma; eu devo discutir abaixo outras questões muito mais importantes. Se
fosse realmente um fato científico que um tipo de criatura pudesse ser
transformado num outro tipo, eu não teria dificuldade em acreditar nisso, já
que Deus pode fazer qualquer coisa, e as transformações e desenvolvimentos que
podemos ver agora na natureza (um embrião tornando-se homem, uma bolota tornando-se
um carvalho, uma lagarta tornando-se uma borboleta) são tão espantosos que se
poderia facilmente acreditar que uma espécie poderia “evoluir” numa outra. Mas
não há prova científica conclusiva de que tal coisa tenha alguma vez
acontecido, muito menos de que essa seja a lei do universo, e de que tudo
vivendo agora derive ultimamente de algum organismo primitivo. Os santos Padres
bastante claramente não acreditavam em qualquer teoria dessa – porque a teoria
da evolução não foi inventada até os tempos modernos. Ela é um produto da
moderna mentalidade Ocidental, e, se você quiser, posso mostrar-lhe mais tarde
como essa teoria desenvolveu junto com o curso da filosofia moderna de
Descartes em diante, muito antes de ter havido qualquer prova científica para
ela. A idéia de evolução é inteiramente ausente do texto do Gênesis, de acordo
com o qual cada criatura é gerada “segundo sua espécie”, não “uma mudando em
outra”. E os santos Padres, como mostrarei abaixo em detalhes, aceitavam o
texto do Gênesis bastante simplesmente, sem ler nele quaisquer “teorias
científicas” ou alegorias.
Agora
você entenderá por que eu não aceito suas citações de São Gregório de Nissa
sobre a “ascensão da natureza do menor ao perfeito” como uma prova da evolução.
Eu acredito, como a sagrada Escritura do Gênesis relata, que houve de fato uma
criação ordenada em degraus, mas em lugar nenhum no Gênesis ou nos escritos de
São Gregório de Nissa é afirmado que um tipo de criatura foi transformado num
outro tipo, e que todas as criaturas vieram a ser dessa maneira! Eu
discordo muito de você quando diz: “A criação é descrita no primeiro capítulo
do Gênesis exatamente como a ciência moderna a descreve”. Se por “ciência
moderna” você significa ciência evolucionária, então eu creio que você está
enganado, como indiquei. Você cometeu um erro por assumir que o tipo de
desenvolvimento descrito no Gênesis, em São Gregório de Nissa e noutros Padres,
é o mesmo que aquele descrito pela teoria da evolução; mas tal coisa não pode
ser assumida ou tomada por certa – você deve prová-la, e vou alegremente
discutir com você mais tarde a “prova científica a favor ou contra a evolução”,
se você quiser. O desenvolvimento da criação de acordo com o plano de Deus é
uma coisa; a teoria moderna científica (mas, na verdade, filosófica) que
explica aquele desenvolvimento pela transformação de um tipo de criatura em
outro, começando por um ou poucos organismos primitivos, é uma coisa muito
diferente. Os santos Padres não sustentavam essa teoria moderna; se você puder me
mostrar que eles sustentavam tal teoria, ficarei contente em escutá-lo.
Se,
por outro lado, por “ciência moderna” você significar a ciência que não se
vincula à teoria filosófica da evolução, eu ainda discordo de você; e vou
mostrar abaixo por que acredito, de acordo com os santos Padres, que a ciência
moderna não pode atingir absolutamente nenhum conhecimento dos Seis Dias da
Criação. Em qualquer caso, é muito arbitrário identificar as camadas geológicas
com “períodos da criação”. Há numerosas dificuldades no caminho dessa ingênua
correspondência entre Gênesis e ciência. A “ciência moderna” realmente acredita
que a grama e as árvores da terra existiram num longo período geológico antes
da existência do sol, o qual foi criado somente no Quarto Dia? Creio que você
esteja cometendo um sério erro em vincular sua interpretação da Santa Escritura
com uma particular teoria científica (absolutamente não um “fato”). Eu creio
que nossa interpretação da Santa Escritura não deva ser vinculada a nenhuma
teoria científica, nem “evolucionária” nem qualquer outra. Aceitemos antes as
Santas Escrituras como os santos Padres nos ensinam (sobre o que escreverei
abaixo), e não especulemos sobre o como da criação. A doutrina da
evolução é uma moderna especulação sobre o como da criação, e em muitos
respeitos contradiz o ensinamento dos santos Padres, como devo mostrar abaixo.
É
claro que eu aceito suas citações de São Gregório de Nissa; eu encontrei outras
semelhantes a elas em outros santos Padres. Eu certamente não vou negar que
nossa natureza é parcialmente uma natureza animal, nem que estamos vinculados
ao todo da criação, que é decerto uma maravilhosa unidade. Mas tudo isso tem
nada que seja a ver com a doutrina da evolução, aquela doutrina a qual é
definida em todos os livros como a derivação de todas as criaturas
presentemente existentes de uma ou mais criaturas primitivas através de um
processo da transformação de uma espécie ou tipo em outro.
Mais
além, você devia perceber (e agora começo a aproximar os importantes ensinamentos
dos santos Padres sobre esse assunto) que São Gregório de Nissa ele mesmo
bastante explicitamente não acreditava em nada como a moderna doutrina da
evolução, pois ele ensina que o primeiro homem, Adão, foi de fato criado
diretamente por Deus e não foi gerado como todos os outros homens.
Em seu livro Contra Eunomius, ele escreve:
O
primeiro homem, e o homem nascido dele, receberam seu ser de um jeito
diferente; o último por cópula, o anterior do molde de Cristo, Ele próprio; e
ainda, apesar de serem assim acreditados serem dois, eles são inseparáveis na
definição de seu ser, e não são considerados como dois seres. (...) A idéia de
humanidade em Adão e Abel não varia com a diferença de sua origem, nem a ordem
nem a maneira de sua vinda à existência fazendo nenhuma diferença em sua
natureza. (Contra Eunomius, I, 34)
E novamente:
Aquele
que raciocina, e é mortal, e é capaz de pensamento e conhecimento, é chamado
homem igualmente no caso de Adão e de Abel, e esse nome da natureza não é
alterado nem pelo fato de que Abel passou para a existência por geração, nem
pelo fato de que Adão o fez sem geração. (Resposta a Eunomius, Segundo
Livro, p. 299 na edição inglesa Eardmans)
É
claro que eu concordo com o ensinamento de Santo Atanásio que você cita, que “o
homem criado primeiro foi feito de pó como todos, e a mão que criou Adão então,
está criando agora também e sempre aqueles que vêm depois dele”. Como pode
alguém negar essa óbvia verdade da contínua atividade criativa de Deus? Mas
essa verdade geral absolutamente não contradiz a verdade específica de que o
primeiro homem foi feito de um jeito diferente de todos os outros homens, como
outros Padres também claramente ensinam. Assim São Cirilo de Jerusalém chama
Adão “homem formado primeiro por Deus”, mas Caim “o homem nascido primeiro” (Aulas
Catequéticas, II, 7). Novamente ele ensina claramente, discutindo a criação
de Adão, que Adão não foi concebido de um outro corpo: “Que, de corpos, corpos
devem ser concebidos, mesmo se maravilhoso, é, todavia, possível; mas que o pó
da terra deva tornar-se um homem, isso é mais maravilhoso” (Aulas
Catequéticas, XII, 30).
Ainda
novamente, o divino Gregório o Teólogo escreve:
Eles
que fazem naturezas Geradas e Não-geradas de Deuses equívocos talvez fizessem
Adão e Set diferir em natureza, já que o primeiro não nasceu de carne (pois ele
foi criado), mas o outro nasceu de Adão e Eva. (Oração das Santas Luzes,
XII).
E o mesmo Padre diz ainda mais explicitamente:
O que
é de Adão? Não foi ele sozinho a criatura direta de Deus? Sim, você dirá. Foi
ele então o único ser humano? De jeito nenhum. E por que, senão porque
humanidade não consiste em criação direta? Pois aquilo que é gerado é também
humano. (Terceira Oração Teológica, Sobre o Filho, cap. XI).
E São João Damasceno, cuja teologia dá concisamente o
ensinamento de todos os Padres anteriores, escreve:
A
primordial formação (do homem) é chamada criação e não geração. Pois criação é
a formação original às mãos de Deus, enquanto geração é a sucessão de cada
outro, feita necessária pela sentença de morte imposta a nós por conta da
transgressão. (Da Fé Ortodoxa, II, 30).
E o que é de Eva? Você não acredita que, como a
Escritura e os santos Padres ensinam, ela foi feita da costela de Adão e não
nasceu de alguma outra criatura? Mas São Cirilo escreve:
Eva
foi gerada de Adão, e não concebida de uma mãe, mas como fosse procriada do
homem sozinho. (Aulas Catequéticas, XII, 29).
E São João Damasceno, comparando a Santíssima Mãe de
Deus com Eva, escreve:
Assim
como esta foi formada de Adão sem conexão, assim também aquela deu à luz o novo
Adão, que foi dado à luz de acordo com as leis do parto e acima da natureza da
geração. (Da Fé Ortodoxa, IV, 14).
Seria
possível citar outros santos Padres sobre esse assunto, mas não o farei a menos
que você questione esse ponto. Mas com tudo dessa discussão eu ainda não
cheguei às mais importantes questões levantadas pela teoria da evolução, e
então agora devo voltar-me para algumas delas.
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