Agora
examinemos a questão da relação do Cristianismo com o Comunismo, precisamente,
com esta forma particular de comunismo que apareceu hoje em dia, com a idéia de
realizar os ideais do socialismo. Esta forma de comunismo surgiu na história
como um inimigo jurado e severo do Cristianismo. Por sua vez, o Cristianismo se
reconhece como completamente estranho e hostil ao comunismo, ao seu espírito e
a todo conteúdo de sua ideologia.
A história da
Igreja, durante a época dos Apóstolos, nos conta que aquela época teve seu
próprio comunismo cristão, quando os fiéis tinham tudo em comum, como diz o
livro dos Atos dos Apóstolos. Este comunismo cristão existe até hoje, na forma
do Monasticismo, que é considerado a melhor forma de vida ascética Cristã.
Assim, compartilhar a propriedade do ponto de vista cristão não é apenas
aceitável, é mais do que isso: é uma maneira brilhante e idealmente nobre de
relação cristã, seguindo o exemplo dos que existiram e existem atualmente na
vida da Igreja Ortodoxa.
Como são
grandes as diferenças entre o comunismo cristão e o comunismo Soviético. Estão
tão longe um do outro como o céu da terra. O comunismo cristão não é uma
finalidade independente em si mesmo, algo pelo que o Cristianismo se
esforce. Não, é uma herança nascida daquele espírito de amor que a Igreja tem
respirado desde o princípio. Além disso, o comunismo cristão é totalmente
voluntário. Ninguém diz: "Nos dê tudo: isso nos pertence".
Pelo contrário, os próprios cristãos se sacrificavam, de forma que
"ninguém dizia que algo de sua propriedade era seu". Em relação ao
comunismo socialista, a divisão da propriedade é uma finalidade em si mesma,
que necessita ser atingida a qualquer preço, sem nenhuma consideração. O
Comunismo alcança sua finalidade de uma maneira puramente coerciva, não se
detêm nos meios empregados, nem sequer em atingir os que não estão de acordo. A
base deste comunismo não é a liberdade como nas comunidades Cristãs, mas sim a
coerção, não há amor que se auto-sacrifica, mas sim a inveja e o ódio...
Em sua luta
contra o Cristianismo, o comunismo Soviético chega aos excessos que excluem a
justiça mais básica, reconhecida em todo o mundo. Em sua ideologia de classe, o
comunismo Soviético pisoteia a justiça. O objetivo de seu trabalho não é a
felicidade comum de todos que estão sob o cuidado do Estado, mas sim os
interesses de uma só classe. Todo o resto dos grupos estatais e sociais de
cidadãos são "deixados de lado", fora do cuidado e proteção do
governo comunista. A classe que está no poder não se preocupa com eles.
Ao falar de
sua nova ordem, de seu Estado livre, o comunismo promete constantemente uma
"ditadura do proletariado". Assim, com o tempo, o dito manifesto não
deu nenhum sinal da prometida ditadura do proletariado, o que existe é uma
ditadura burocrática sobre o proletariado. Além de que, não há nenhuma
manifestação de liberdade política sob esse sistema: nem liberdade de imprensa
e de reunião, nem inviolabilidade de residência. Somente os que viveram na
União Soviética podem saber a violência e a intensidade da opressão que ali
reina. Sobre tudo isso, impera um terror político que jamais foi experimentado
antes: execuções e crimes, exílios e prisões em condições incrivelmente rígidas.
Isto é o que o comunismo tem dado ao povo russo, no lugar da liberdade
prometida.
Em sua
propaganda política, o comunismo proclama que está alcançando a realização da
liberdade, igualdade (querem dizer: justiça) e fraternidade. Já falamos da
primeira e da segunda. A idéia de fraternidade foi retirada dos cristãos, que
se chamam de "irmãos". O apóstolo Pedro disse: "Honrai a todos,
amai a irmandade" (1 Pedro 2,17). Na prática, o comunismo mudou a palavra
"irmão" para a palavra "camarada". Isto é muito importante,
já que os camaradas podem ser cúmplices (mas não irmãos) em qualquer atividade.
Mas ninguém pode falar realmente a palavra "irmão" em um lugar em que
impera a luta de classes, inveja e o ódio sem precedente.
Todas estas
diferenças citadas entre o Cristianismo e o comunismo não esgotam a mesma
essência da contradição entre ambos. A diferença fundamental entre o comunismo
e o Cristianismo jaz ainda mais profundamente, na ideologia religiosa de ambos.
Não é de se estranhar que os comunistas lutem maliciosamente e obstinadamente
contra a nossa fé. O comunismo é supostamente um sistema ateu que renuncia a
toda religião. É na realidade, uma religião: uma religião fanática, obscura e
intolerante. O Cristianismo é uma religião do Céu, o comunismo, uma religião da
terra. O Cristianismo prega o amor a todos, o comunismo prega a luta de classes
e a guerra baseada no egoísmo. O Cristianismo é uma religião de idealismo,
fundada na Fé da vitória da verdade de Deus e de Seu amor. O comunismo é uma
religião de um pragmatismo seco e racional, que tem como objetivo criar um
paraíso terreno (paraíso da saciedade animal e reprovação espiritual).
Isso
significa, que assim como se põe uma cruz no túmulo de um Cristão, o túmulo de
um comunista é marcado por uma estaca vermelha. Simbólico e indicativo nos
dois! Em um, a fé da vitória da vida sobre a morte e do bem sobre o mal. No
outro, a obscuridade, ignorância, trevas e vazio, sem alegria, nem alívio e
esperança para o futuro. Assim como as santas relíquias dos santos e ascetas da
fé em Cristo florescem com incorruptibilidade e fragrância, o cadáver podre
embalsamado de Lênin é o melhor símbolo do comunismo.
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