DA
IGREJA ORTODOXA SÉRVIA PARA SEUS FILHOS ESPIRITUAIS NO NATAL DE 2007
PAVLE
Pela Graça de Deus
Pela Graça de Deus
Arcebispo Ortodoxo
de Pec, Metropolita de Belgrado e Karlovci e Patriarcado Sérvio, com todos os
Hierarcas das Igreja Ortodoxa Sérvia para o Clero, Monges e todos filhos e
filhas de nossa Santa Igreja: graça, misericórdia e a paz de Deus-Pai, de Nosso
Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo, com a radiosa saudação de Natal:
A PAZ DE
DEUS! CRISTO NASCEU!
Hoje Belém
recebe Aquele que é co-entronado com o Pai. Hoje os Anjos louvam de forma
admirável o Recém-Nascido exclamando: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra
aos homens de boa-vontade”.
A Igreja,
em suas súplicas cotidianas, queridos filhos espirituais, ora, antes de tudo
pela PAZ QUE VEM DO ALTO. Nós não rezamos por uma paz indefinida, vinda de um
mundo desconhecido; nós rezamos pela PAZ trazida e concedida a nós por Nosso
Senhor Jesus Cristo.
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. João 14: 27
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. João 14: 27
Aqui no
começo da celebração da radiosíssima festa da Natividade do Filho de Deus,
Nosso Senhor Jesus Cristo, nós iniciamos com orações pela Paz que vem do Alto.
Enviamos a todos vós a mensagem da Paz celestial que,almejamos, entre em vossos
corações, e em vossas almas e em vossas vidas, como naquela noite abençoada da
Natividade do Emanuel ela entrou no coração e na alma dos pastores de Belém.
Ter a paz de Deus significa ter paz com Deus, com nossos irmãos e nossos
companheiros, assim como com a criação inteira de Deus.
Este é o
privilégio concedido aos Santos Cristãos. Mesmo quando as ondas deste mundo
agitado ameaçam afogar e destruir tudo, como é o caso em nossa época (em nosso
tempo), nós permanecemos calmos e seremos, repletos da graça e da paz divina,
porque nós sabemos que Aquele que encoraja os cristãos de todos os tempos é
fiel: “Não temais! E acrescenta: “Estarei convosco até a consumação dos
séculos”. (Mateus: 28: 20). Na paz divina entre Deus e a Santíssima Theotokos
cumprida no mistério da Anunciação, o Unigênito de Deus foi concebido como a
Paz e o Amor de Deus, e nasceu na quietude da gruta de Belém. A Santíssima
Theotokos recebeu a saudação da Paz - “rejubila. ó bendita “ (Lucas: 1: 28)
dirigida a ela pelo anjo de Deus, e aceitando a Paz do Altíssimo, ela
respondeu: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a sua palavra”.
(Lucas 1: 38). Era aquela a vontade de Deus: que ela, a qual encontrou graça
diante de Deus, se tornasse aquela que dá à luz a Deus, pois ela dá a luz o
Deus encarnado – o Messias e Salvador do mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Com a
saudação: “Cristo nasceu”, nós cremos e confessamos que Cristo – o ungido de
Deus – nasceu em Belém da Judéia, segundo a vontade de Deus. Nós não apenas
cremos, mas também sabemos, por nossa experiência, e confessamos que Cristo é
Emanuel, o que significa Deus conosco. Assim, a certeza de que Deus
VERDADEIRAMENTE ESTARÁ CONOSCO faz-nos abrir e purificar nossos corações para
que eles possam tornar-se a Sua morada. Possam os nossos corações tornar-se
hoje uma nova Belém, uma nova manjedoura para Ele a quem nada pode conter; uma
graça encheu o órgão no qual o nascimento do amor de Deus em Belém encontrará
sua permanente morada. Desse modo, hoje e durante estes radiosos dias de Festa,
sejamos anfitriões de Nosso Senhor. Recebamos e saudemo-Lo em nossos lares,
recebendo os mais humildes como se fossem Ele próprio, sem distinguir quem é
quem. Em nossas Igrejas, celebremo-Lo de modo digno e que convenha a Ele. Que
possamos guardá-Lo como a vida de nossas vidas e a luz de nosso ser. Deixemos
tudo que é nosso,e o que é apenas humano em nós,ser submetido para sempre à
vontade de Deus, a fim de que possamos dizer, como a Santíssima Theotokos:
Senhor, eis aqui tua serva, faça-se em mim e comigo segundo a Tua vontade.
Por que
nós dizemos isso? Porque, ano após ano em torno da festa da Natividade de Nosso
Senhor Jesus Cristo aquilo que é humano é cada vez mais enfatizado, e aquilo
que é divino é enfatizado cada vez menos. Nós somos perigosamente expostos a
celebrações comerciais e folclóricas, comemorações que suprimem a verdadeira
essência da Festa. Se reduzirmos o significado da Festa para simplesmente
manter os costumes, nossos corações permanecerão submersos na agitação
individual e nas tempestades do mundo, continuando longe do Senhor, distantes
do Divino Infante. Nossos corações e nossa vida foram criados para Deus.
Somente com o coração e a alma repletos da Paz de Deus seremos capazes de
celebrar Cristo, o divino Infante, com a canção: “Glória a Deus nas alturas e
paz na Terra aos homens de boa vontade!” O nascimento de Cristo é, acima de
tudo, o ato do amor de Deus, que se revela inteiramente no Cristo Jesus
Encarnado e nascido.
S. João, o
teólogo, confirma este mistério do amor de Deus com as seguintes palavras: Deus
amou de tal maneira o mundo que deu o seu Filho Único, para que, aquele que
n’Ele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (João; 3: 16).
O
nascimento de Cristo é um evento histórico – um evento que se passou num
concreto tempo histórico e num lugar geográfico particular. Ele nasceu durante
o reinado do imperador romano César Augusto e durante o recenseamento do povo,
que ele havia ordenado. Cristo nasceu durante o reinado de Herodes, o Grande,
que, no tempo, governava a Judéia. Ele nasceu em Belém de Judá. Seu nascimento
não foi despercebido na Judéia e no grande Império Romano, especialmente nas
regiões do Oriente Médio. Primeiro os anjos avisaram aos pastores de Belém, que
saíram glorificando e louvando a Deus:
E, vendo-O divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita (Lucas 2:
17)
O aviso dos anjos rapidamente espalhou-se por toda a Judéia e Jerusalém, “e todos que ouviram isso maravilhavam-se com o que os pastores lhes diziam.(Lucas 2: 18).
O aviso dos anjos rapidamente espalhou-se por toda a Judéia e Jerusalém, “e todos que ouviram isso maravilhavam-se com o que os pastores lhes diziam.(Lucas 2: 18).
As notícias chegaram até o rei Herodes que cruelmente tinha governado as tribos
de Israel. Embora de início ele menosprezasse as estórias e narrativas do povo
que lhe era subjugado, seu coração perturbou-se quando os sábios chegaram do
Oriente, inquirindo sobre o rei judeu, com a seguinte pergunta: “ onde está
aquele que é nascido rei dos judeus?porque vimos a sua estrela no Oriente e
viemos a adorar.(Mateus 2: 2)
Esta questão perturbou grandemente o astuto Herodes, e a essência dela
tornou-se o divisor do tempo em velho e novo, ou seja, tempo da profecia e da
prefiguração, e tempo de cumprimento da mesma.
Tomado de
exaltação por esse mistério,o Apóstolo S. Paulo exclama: assim que se alguém
está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se
fez nov. (II Cor. 5: 17). No Deus-homem recém-nascido “tudo tornou-se novo”,
mas acima de tudo nós renascemos n’Ele e por Ele – com a sinergia do Deus e
homem, isto é, sinergia do Criador e do criado nós nos tornamos UMA NOVA
CRIAÇÃO. Isto não de modo mitológico, como alguns interpretariam, mas, nós,
verdadeira, essencial e completamente nos tornamos uma criação divino-humana.
Infelizmente,
por causa da diminuição do amor e das virtudes no mundo, nós diariamente
ouvimos e vemos instabilidade, conflitos, grandes tragédias humanas e desastres
naturais. Vendo e ouvindo isto, muitos perguntam: “são estes os últimos tempos?”
São estes os tempos do cumprimento da palavra de Nosso Senhor sobre os sinais
dos últimos tempos e da segunda vinda de Cristo?” O povo tem razão de perguntar
isto e de temer. Mas seria muito melhor se nós nos enchêssemos do temor de Deus
e assim, nos tornássemos sábios guardiões da herança que Deus nos deu, em vez
de estultos, e que, em vez de agentes constantes da perversão deste mundo, nos
tornássemos o sal da terra, luz para o mundo, o caminho e a porta através dos
quais o mundo pudesse ser salvo. A causa de todos estes trágicos eventos é, por
um lado, a ruptura da paz entre Deus e o homem e, por outro, a ruptura do
equilíbrio entre o homem e a natureza. Neste mundo tumultuado, várias
iniciativas pela paz têm sido feitas por indivíduos, grupos e organizações.
Apesar disto, não se vislumbra no horizonte paz para o mundo. Por que?
Porque a PAZ DE DEUS está sendo rejeitada e a paz do homem está tentando
substituí-la – uma paz de homens controlados pela paixão que, em vez de paz,
insuflam a agitação. Para tornar completo o paradoxo, mesmo os deflagradores de
guerra do mundo e em nosso próprio solo, desavergonhadamente tentam enganar o
mundo com suas pretensas “iniciativas de paz”. Na realidade, estas são
pseudo-intenções pacíficas que servem para iludir o mundo. O que importa para
eles é uma paz interesseira, uma paz da qual obterão benefícios políticos e
materiais.
Hoje nós
saudamos especialmente os nossos irmãos e irmãs em Kosovo e Metohija e
suplicamos que o Divino Infante os proteja e fortaleça-os a fim de que eles
possam carregar a cruz que pesa sobre os seus frágeis ombros e que lhes foi
imposta pelos poderes deste mundo. Como nos anos anteriores, este ano também
partilhamos com tristeza e preocupação por causa dos eventos em Kosovo e
Metohija – nossa terra santa – coração e alma do povo sérvio, nossa Belém
espiritual e berço de nossa cultura.
Os poderosos deste mundo atacam nossa terra santa de S. Lázaro e vergonhosamente ofendem nossos sentimentos e nossa dignidade. Em nome de seus interesses nos Bálcãs e na Europa, e transgredindo todas as normas da lei internacional – sobre as quais repousa o mundo atual – eles querem tirar do povo sérvio o seu berço, sua alma e coração, que permanecerão para sempre em Kosovo e Metohija. Que todos aqueles que continuam a quebrar as normas da justiça humana e da justiça divina, e, acima de tudo, os direitos do povo sérvio à sua terra natal, possam parar e refletir sobre este fato.
Os poderosos deste mundo atacam nossa terra santa de S. Lázaro e vergonhosamente ofendem nossos sentimentos e nossa dignidade. Em nome de seus interesses nos Bálcãs e na Europa, e transgredindo todas as normas da lei internacional – sobre as quais repousa o mundo atual – eles querem tirar do povo sérvio o seu berço, sua alma e coração, que permanecerão para sempre em Kosovo e Metohija. Que todos aqueles que continuam a quebrar as normas da justiça humana e da justiça divina, e, acima de tudo, os direitos do povo sérvio à sua terra natal, possam parar e refletir sobre este fato.
Nesta
alegria e espírito festivo, não esqueçamos nossos irmãos e irmãs exilados da
Bósnia e Herzergovina, Croácia, Kosovo e Metohija. Apelamos a todos os governos
oficiais na Sérvia e Montenegro para proporcionarem uma vida normal e decente,
fazendo tudo o que for possível para o seu retorno seguro e para que eles
possam retomar o seu patrimônio pessoal. Apelamos especialmente para todos
vocês, queridos irmãos e irmãs, para que compartilhem este Santo Dia com todos
os exilados. Lembremo-nos hoje de todos aqueles que permaneceram em suas casas
e daqueles que regressaram para sua casas incendiadas. Nós sabemos e vemos que
eles sofrem diariamente discriminação e humilhação, justamente porque são
sérvios e porque encontraram força e coragem para retornar e permanecer em suas
casas.
Apelamos
aos governos oficiais na Croácia, na Bósnia e Herzegovina para que eles tenham
boa-vontade de resolver os problemas emergenciais de seus cidadãos exilados,
quer da Sérvia, quer de outras nacionalidades. Conclamamos a todos para
respeitar os direitos humanos básicos, direitos nacionais e religiosos do nosso
e de outros povos, direitos garantidos por todas as convenções internacionais.
Que eles igualmente – nem mais nem menos – respeitem nosso povo sérvio ortodoxo
que, através da longa história de sua existência, e através de suas
contribuições nos paises já mencionados, deixaram um indelével selo na cultura
e histórias desses paises, com os quais eles compartilham uma história
centenária. Temos sempre e em toda parte criado uma cultura de paz e de amor,
através de cooperação com outros. No espírito daquela Divina paz e amor,
tolerância e estima, renovemos o estabelecimento de pontes entre os homens de
boa-vontade. Não rejeitemos os perturbadores da paz, independente de quem
sejam. Tenhamos paz, amor e boa-vontade com todos.
Saudamos
nosso povo jovem – as crianças e a juventude. Incessantemente ofereçamos nossas
orações ao Senhor, queridas crianças e jovens, para que Ele os proteja de todas
as tentações contagiosas de nosso tempo: drogas, álcool e outros vícios.
Sabendo que o mundo prosseguirá com os jovens desejamos que vocês, amadurecendo
e tornando-se nossos herdeiros se armem com virtudes e com o bem, para que
possam defender-se de todas as tentações que o mundo oferece e que impõe a
vocês. Nos momentos mais difíceis da vida, lembrem-se das tentações sofridas por
Nosso Senhor Jesus Cristo. Invoquem a ajuda d’Ele e Ele certamente ajudará
vocês. Um programa deliberado para impor pseudo-cultura e sucumbir a ela
constitui um perigo particular. Os caminhos da vida têm suas encruzilhadas.
Depende de cada um escolher a direção que leva para a vida eterna, em cujo fim
não haverá tristeza, mas alegria com todos os nossos ancestrais.
Estamos
também preocupados com todos os nossos filhos da Diáspora – na América,
Austrália, Europa, África e Ásia, que vivem longe de suas pátrias de origem,dos
lugares santos e dos cemitérios. Embora vocês – em razão de circunstâncias
históricas e desafortunadas – tenham sido forçados a viver na Diáspora,
espalhados pelo mundo afora, não esqueçam que, celebrando o Natal, vocês
encontrarão sua pátria, a alegria da infância, e o pãozinho fresco feito por
mamãe. Lembrem-se de suas velhas Igrejas e dos santos mosteiros, e ensinem a
seus descendentes a fazer o mesmo. Salvaguardem a unidade de vossa igreja como
o fariam com a pupila dos próprios olhos. Reúnam-se em torno de seus Bispos
como filhos em torno dos pais, reúnam-se e concordem no bem, nas virtudes e na
glorificação a Deus.
Hoje
Cristo, o Divino Infante, nos reúne em nossas santas igrejas para trocar a
saudação “A Paz de Deus” uns com os outros, para unificar, para nos tornarmos
como Cristo e para crescer, de acordo com a vontade de Deus!
Possa a
luz da gruta de Belém brilhar sobre todos os povos e todas as nações do mundo,
concedendo a Paz que vem do Alto a tudo e a todos.
Saudando a
todos vocês, queridos filhos espirituais, conclamamos uma vez mais a todos e a
todo povo de boa-vontade para celebrar o Dia Santo da Natividade de Nosso
Senhor Jesus Cristo em paz, alegria e disposição espiritual.
A PAZ DE
DEUS – CRISTO NASCEU!
Que todos
vocês possam ter um Ano Novo abençoado!
Dado no
Patriarcado Sérvio em Belgrado. Natal de 2007
Seus
intercessores diante do Divino Infante:
Todos os Bispo do Santo Sínodo Sérvio.
Todos os Bispo do Santo Sínodo Sérvio.
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