quarta-feira, 10 de setembro de 2014

São João (Maximovitch), Arcebispo de Shangai e São Francisco.

  St. John Maximovitch 2
São João (Maximovitch), Arcebispo de Shangai e São Francisco.

         Nascido em 1896 no vilarejo de Adamovka, na província de Kharkov, o bem-aventurado Hierarca João pertencia à família nobre dos Maximovicth. Batizado com o nome de Michel, ele recebe sua educação secundária na Escola Militar de Poltava e completa, em seguida os estudos de Direito na Universidade de Kharkov.
         Aquando da guerra civil, e a seguinte Revolução (1921), sua família exila-se em Belgrado, onde termina seus estudos de teologia. Em 1926, fora tonsurado monge pelo Metropolita Antonio Khrapovitsky, um dos mais brilhantes hierarcas russos que pôde escapar à tormenta revolucionária. Recebendo o nome de seu santo parente, João de Tobolsk (memória aos 10 de Junho), fora em breve colocado como tutor e professor no Seminário sérvio de Bitol, onde influencia grandemente seus estudantes pela sua conduta ascética e sua solicitude paternal.
         Depois de ter inspecionado os dormitórios, ele costumava passar à noite em oração, sentado ou prostrado, diante dos ícones. Reconheceu, em seguida, que após sua recepção monástica, jamais havia se estendido para dormir. Comia uma vez por dia, um pouco antes da meia-noite, e durante a Grande Quaresma, alimentava-se somente como pão do Altar, passando tanto a primeira como a última semana em completo e restrito jejum.
         Em 1934 fora sagrado Bispo, apesar e suas reticências, e enviado a Shangai, onde se dispõe inteiramente ao apoio e a consolação de muitos refugiados russos. Ele começa por reconciliar os ortodoxos de diferentes nacionalidades, outrora dispersos por querelas de jurisdições, e organizando, seguidamente, a assistência aos mais pobres. Percorria, a toda hora, as ruas para recolher as crianças doentes e os órfãos, tanto russos como chineses. O orfanato que ele funda, sob a proteção de São Tikon de Zadonsk começa com oito crianças e chega a alcançar 3.500, quando então a chegada dos comunistas obriga a comunidade a se refugiar, primeiramente em uma das Ilhas Filipinas e em seguida nos E.U.A.
         Apesar de suas funções pastorais, São João continuava – pela sua vida ascética – a celebrar cotidianamente a Divina Litugia. Atingindo por uma úlcera nas pernas, recusa de antemão ser operado, mas submete-se finalmente às pressões dos paroquianos; na mesma noite da intervenção cirúrgica, ele encontrava na igreja, celebrando a vigília da Exaltação da Santa Cruz.
           Contentava-se com vestes simples e humildes e quase sempre trazia sandálias simples nos pés, as quais ele geralmente ofertava a um pobre, celebrando sempre descalço, para o espanto de muitos.
           É desta forma, inclinado a Deus pela ascese e com o mesmo rigor dos Santos Padres de outrora, que recebera de Deus o dom da clarividência, o qual exercia com discernimento para salvação e a edificação das almas. Ele passava a maior parte de seu tempo visitando os doentes, levando-lhes a Santa Comunhão, consolando-os pela presença de Deus; não desprezava nem um sequer, tanto os prisioneiros como os doentes, mentais, os quais o acolhiam com mansidão e alegria, ouvindo com atençao seus sermões.
         Durante a ocupação japonesa, como a colônia russa de Shangai encontrava-se constantemente ameaçada, o corajoso Prelado, arriscando sua vida, continuava a visitar suas ovelhas, mesmo até nos locais mais perigosos possíveis. Com a chegada dos comunistas em 1949, os refugiados russos são evacudaos, em números de cinco mil, para uma Ilha das Filipinas, frequentemente submissa ao tifo, peste daquela época. Todavia, protegidos pelas orações de seu Pastor, o campo dos refugiados é poupado durante os 27 meses de sua estadia. Um pouco depois da partida da maioria dos refugiados, um terrível tufão destroi totalmente o campo.
         Tendo conseguido obter a autorização de emigração para os E.U.A de seu rebanho, o infatigável Pastor é nomeado Arcebispo da Igreja Russa Fora-das-Fronteiras para a Europa Ocidental (1951). Tendo sua sede, primeiramente em Paris, ele reside em Bruxelas. Longe de se limitar às necessidades pastorais dos emigrados russos, mostra vivo interesse pela restauração da Ortodoxia adormecida no Ocidente e manifestava profunda devoção pelos Santos ocidentais anteriores ao Cisma, os quais ele procurava restabelecer a memória litúrgica.
         Tanto na Europa como na China, e em seguida nos E.U.A, o bem-aventurado continuava a reger sua conduta unicamente baseada sobre a Lei divina, sem levar em consideração convenções sociais, o que atirava a crítica de uns, mas o fazia considerar-se como “louco-em-Cristo”, por outros.
         Certo dia, um Padre católico-romano querendo assegurar a seus fiéis que a santidade não é algo do passado, cita sua virtude em um de seus sermões “Eis que nas ruas de Paris circula, nos dias de hoje, um São João de pés descalços!”
         Em 1963 é enviado de urgência a São Francisco, a fim de restaurar a paz no seio da comunidade russa, dividida em virtude da construção da Catedral. Suportando as calúnias sem contradizê-las e jamais julgar o próximo ou perder sua paz interior, ele aceita comparecer contrariamente aos Santos Cânones, diante de um tribunal civil, para responder às acusações de desvios de fundos a ele impostas. Agia e obrava estritamente naquilo que concernia a moral de seus fiéis e a preservação da tradição eclesiástica, mas derramava em profusão o amor divino sobre todos aqueles que a ele recorriam, demonstrando em todo o tempo uma solicitude apurada para com as crianças.
         Tendo prevido muito tempo antes o dia de sua partida, ele repousa em paz aos 19 de Junho (02 de Julho do calendário civil) de 1966, em Seattle. A cerimônia de seu funeral, na Catedral de São Francisco marca um triunfo da Ortodoxia reconciliada, onde milhares de fiéis afluem para venerar suas relíquias. Muitos foram aqueles que remarcaram que seu corpo não mostrava sinal algum de corrupção e exalava um aroma suave. Desde então, o Hierarca deu testemunho por muitas vezes de sua assistência celeste junto aos fiéis de todas as “jurisdições” que o invocavam.

Pelas orações do nosso Santo Pai João o Taumaturgo, Hierarca de Shangai e São Francisco, ó Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos. Amém!

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