HOMILIA DO XIV DOMINGO PÓS-PENTECOSTES 2014
A Parábola das Núpcias
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
Caríssimos irmãos! A Igreja nos propõe a Parábola das Núpcias neste Domingo após termos aprendido com outra parábola, bastante semelhante, no Domingo anterior. A semelhança entre elas, reside no fato de nos apresentarem a história da salvação como um todo. Até mesmo a morte de Cristo e a entrada dos gentios em Sua santa igreja são contempladas em ambas as parábolas. E isso significa um gesto profético de Cristo, pois ao proferi-las estas ainda eram realidades futuras.
No entanto, se na Parábola dos Lavradores Maus, o Reino lhes foi tirado e transferido a um povo que produzisse frutos, a parábola de hoje, focaliza algo ainda mais específico, relacionando tão necessária frutificação à Vida Sacramental, não somente ofertada pela Igreja, mas inevitável a cada fiel, sob pena de nossa própria exclusão nas Núpcias do Cordeiro.
A Parábola das Núpcias, de fato, dá um passo além da parábola anterior, pois muda a ênfase da atitude moral, própria do povo de Deus, para a ênfase na vida sacramental no seio da Igreja. Aos lavradores maus da vinha correspondem contrastantemente os convidados “bons e maus” que se tornam participantes das núpcias graças à indiferença dos primeiros convidados para com a notícia do banquete. Antes, a questão era a frutificação, diante da qual, os primeiros lavradores se eximiram, sendo os últimos postos na vinha com o fim de a levarem adiante. Agora, a questão não é mais moral, mas sim sacramental, pois o ápice da parábola das núpcias residirá na mais decisiva das questões propostas por Cristo e por Sua igreja ao longo dos séculos: as vestes adequadas à participação no banquete eterno.
A esse respeito, São Paulo é evidente ao escrever: “vós todos que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo”. Sim! O revestimento de Cristo ainda seria contemplado por São João naquela multidão composta de todas as línguas, povos, raças e nações vista como trajando vestes brancas respingadas pelo sangue do Cordeiro.
O Santo Batismo, portanto, é a grande ênfase da parábola que a Igreja hoje nos propõe! Sim! Era a vida sacramental que estava sendo intencionada por Cristo, e não qualquer programa moral de reabilitação humana. De fato, a caminhada em Cristo é determinada não por nossos erros ou acertos à mesa eucarística ou por nossa moral ilibada diante do banquete do Cordeiro. Não foram convidados para as núpcias “bons e maus”?
Não é, pois, a moral evangélica que nos conduzirá necessariamente ao banquete eterno no Reino dos Céus, mas o modo como estamos nos trajando no seio da vida sacramental que a Igreja bondosamente nos proporciona. De fato, somos justificados, como enfatizava São Paulo, pela fé, e não pelas obras da lei, pura e simplesmente.
Inversamente, o inadmissível na parábola encontra-se no acesso contumaz daqueles que consideram suas vestes adequadas sem se adaptarem à vida sacramental da Igreja, enquanto verdadeiro revestimento do Espírito Santo estabelecido por Cristo sobre a terra a fim de preparar a nossa participação no banquete eterno.
Aqui, a lição é que: a moral evangélica flui da vida sacramental, e não o contrário! Ambas nos conduzem ao lar celestial. No entanto, a primeira não nos valerá no Dia de Cristo, se nossa arrogância e presunção de revestirmo-nos do que Ele mesmo não estabeleceu em Sua santa Igreja nos convencerem que podemos autodeterminar nossa própria forma de culto, e assim, nossas vestes nupciais no banquete eterno. Sem dúvida, somente a vida sacramental que nos é ofertada pela Igreja, e tão somente a nossa atitude para com ela, serão decisivas Naquele Dia. E, não as nossas posturas éticas coerentes ou práticas religiosas aprimoradas, ainda que ambas estejam em plena harmonia e diálogo com o espírito de nosso tempo. Afinal, mergulhar na vida sacramental da Igreja é a própria experiência da Graça Incriada construída ascética, litúrgica e sacramentalmente em nossas vidas e corações.
Amados irmãos, o Evangelho ainda nos dias de hoje convida os homens a se despirem de seus próprios juízos de valor e de suas opções livres por uma suposta ‘doutrina correta’. Ainda hoje, o convite do Evangelho exige de nós que nos revistamos da Graça Sacramental no seio da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Eis, então, o glorioso ensinamento da parábola de Cristo neste Domingo: o convite do Evangelho foi, é, e sempre será, ao revestimento do Espírito Santo mediante uma vida humildemente imersa em Sua vida, na qual sempre será preciso rezar com a Igreja, confessando:
Ó meu Deus imensamente misericordioso, Senhor Jesus Cristo, pelo Teu infinito amor desceste do céu e encarnaste para a salvação de todos. Salvador, salva-me uma vez mais pela Tua graça, suplico-Te. Pois se Tu me salvasses pelas minhas obras, não seria graça nem dom, mas antes um dever, pois Tu és grande em compaixão e inefável em misericórdia. Se então, salvas os que têm fé em Ti, vê, eu creio, salva-me, Tu que és meu Deus e meu Criador. Deixa que, ao invés de obras, seja-me imputada a fé, meu Deus, pois Tu não encontrarás obras que possam justificar-me. Que a minha fé baste para responder pelas minhas obras, para absolver-me, fazer-me partícipe da Tua glória eterna. Não permitas, ó Verbo, que Satã apodere-se de mim e vanglorie-se de ter-me tomado das Tuas mãos e me envolvido. Que eu deseje ou não, salva-me, Cristo meu Salvador, antecipa-Te, prontamente, pois pereço. Concede-me, Senhor, amar-Te agora com tanto fervor quanto outrora amei o pecado, e trabalhar para Ti sem preguiça, diligentemente, como outrora para o enganador Satã. E acima de tudo, que eu possa trabalhar para Ti, meu Senhor e meu Deus, Jesus Cristo, todos os dias da minha vida, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Diletíssimos irmãos! Convidemo-nos uns aos outros a uma custosa adequação à vida sacramental da Igreja. Eis, a frutificação verdadeira! Que submetamos assim, todas as nossas conquistas à única forma de humilharmos as nossas próprias obras e destronarmos nossa autosuficiência a fim de sejamos conduzidos às gloriosas núpcias do Cordeiro no Reino do Pai, do Filho e do Espírito Santo, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pe. Jairo
Paróquia de São João Crisóstomo
XIV Domingo Pós-Pentecostes
Comemoração de São Sisoés
2014
A Parábola das Núpcias
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
Caríssimos irmãos! A Igreja nos propõe a Parábola das Núpcias neste Domingo após termos aprendido com outra parábola, bastante semelhante, no Domingo anterior. A semelhança entre elas, reside no fato de nos apresentarem a história da salvação como um todo. Até mesmo a morte de Cristo e a entrada dos gentios em Sua santa igreja são contempladas em ambas as parábolas. E isso significa um gesto profético de Cristo, pois ao proferi-las estas ainda eram realidades futuras.
No entanto, se na Parábola dos Lavradores Maus, o Reino lhes foi tirado e transferido a um povo que produzisse frutos, a parábola de hoje, focaliza algo ainda mais específico, relacionando tão necessária frutificação à Vida Sacramental, não somente ofertada pela Igreja, mas inevitável a cada fiel, sob pena de nossa própria exclusão nas Núpcias do Cordeiro.
A Parábola das Núpcias, de fato, dá um passo além da parábola anterior, pois muda a ênfase da atitude moral, própria do povo de Deus, para a ênfase na vida sacramental no seio da Igreja. Aos lavradores maus da vinha correspondem contrastantemente os convidados “bons e maus” que se tornam participantes das núpcias graças à indiferença dos primeiros convidados para com a notícia do banquete. Antes, a questão era a frutificação, diante da qual, os primeiros lavradores se eximiram, sendo os últimos postos na vinha com o fim de a levarem adiante. Agora, a questão não é mais moral, mas sim sacramental, pois o ápice da parábola das núpcias residirá na mais decisiva das questões propostas por Cristo e por Sua igreja ao longo dos séculos: as vestes adequadas à participação no banquete eterno.
A esse respeito, São Paulo é evidente ao escrever: “vós todos que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo”. Sim! O revestimento de Cristo ainda seria contemplado por São João naquela multidão composta de todas as línguas, povos, raças e nações vista como trajando vestes brancas respingadas pelo sangue do Cordeiro.
O Santo Batismo, portanto, é a grande ênfase da parábola que a Igreja hoje nos propõe! Sim! Era a vida sacramental que estava sendo intencionada por Cristo, e não qualquer programa moral de reabilitação humana. De fato, a caminhada em Cristo é determinada não por nossos erros ou acertos à mesa eucarística ou por nossa moral ilibada diante do banquete do Cordeiro. Não foram convidados para as núpcias “bons e maus”?
Não é, pois, a moral evangélica que nos conduzirá necessariamente ao banquete eterno no Reino dos Céus, mas o modo como estamos nos trajando no seio da vida sacramental que a Igreja bondosamente nos proporciona. De fato, somos justificados, como enfatizava São Paulo, pela fé, e não pelas obras da lei, pura e simplesmente.
Inversamente, o inadmissível na parábola encontra-se no acesso contumaz daqueles que consideram suas vestes adequadas sem se adaptarem à vida sacramental da Igreja, enquanto verdadeiro revestimento do Espírito Santo estabelecido por Cristo sobre a terra a fim de preparar a nossa participação no banquete eterno.
Aqui, a lição é que: a moral evangélica flui da vida sacramental, e não o contrário! Ambas nos conduzem ao lar celestial. No entanto, a primeira não nos valerá no Dia de Cristo, se nossa arrogância e presunção de revestirmo-nos do que Ele mesmo não estabeleceu em Sua santa Igreja nos convencerem que podemos autodeterminar nossa própria forma de culto, e assim, nossas vestes nupciais no banquete eterno. Sem dúvida, somente a vida sacramental que nos é ofertada pela Igreja, e tão somente a nossa atitude para com ela, serão decisivas Naquele Dia. E, não as nossas posturas éticas coerentes ou práticas religiosas aprimoradas, ainda que ambas estejam em plena harmonia e diálogo com o espírito de nosso tempo. Afinal, mergulhar na vida sacramental da Igreja é a própria experiência da Graça Incriada construída ascética, litúrgica e sacramentalmente em nossas vidas e corações.
Amados irmãos, o Evangelho ainda nos dias de hoje convida os homens a se despirem de seus próprios juízos de valor e de suas opções livres por uma suposta ‘doutrina correta’. Ainda hoje, o convite do Evangelho exige de nós que nos revistamos da Graça Sacramental no seio da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Eis, então, o glorioso ensinamento da parábola de Cristo neste Domingo: o convite do Evangelho foi, é, e sempre será, ao revestimento do Espírito Santo mediante uma vida humildemente imersa em Sua vida, na qual sempre será preciso rezar com a Igreja, confessando:
Ó meu Deus imensamente misericordioso, Senhor Jesus Cristo, pelo Teu infinito amor desceste do céu e encarnaste para a salvação de todos. Salvador, salva-me uma vez mais pela Tua graça, suplico-Te. Pois se Tu me salvasses pelas minhas obras, não seria graça nem dom, mas antes um dever, pois Tu és grande em compaixão e inefável em misericórdia. Se então, salvas os que têm fé em Ti, vê, eu creio, salva-me, Tu que és meu Deus e meu Criador. Deixa que, ao invés de obras, seja-me imputada a fé, meu Deus, pois Tu não encontrarás obras que possam justificar-me. Que a minha fé baste para responder pelas minhas obras, para absolver-me, fazer-me partícipe da Tua glória eterna. Não permitas, ó Verbo, que Satã apodere-se de mim e vanglorie-se de ter-me tomado das Tuas mãos e me envolvido. Que eu deseje ou não, salva-me, Cristo meu Salvador, antecipa-Te, prontamente, pois pereço. Concede-me, Senhor, amar-Te agora com tanto fervor quanto outrora amei o pecado, e trabalhar para Ti sem preguiça, diligentemente, como outrora para o enganador Satã. E acima de tudo, que eu possa trabalhar para Ti, meu Senhor e meu Deus, Jesus Cristo, todos os dias da minha vida, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Diletíssimos irmãos! Convidemo-nos uns aos outros a uma custosa adequação à vida sacramental da Igreja. Eis, a frutificação verdadeira! Que submetamos assim, todas as nossas conquistas à única forma de humilharmos as nossas próprias obras e destronarmos nossa autosuficiência a fim de sejamos conduzidos às gloriosas núpcias do Cordeiro no Reino do Pai, do Filho e do Espírito Santo, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pe. Jairo
Paróquia de São João Crisóstomo
XIV Domingo Pós-Pentecostes
Comemoração de São Sisoés
2014
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