São Nikolai Velimirovic
"A Natureza cuida o suficiente do nosso senso individualista, deixando à Educação o cuidado de nosso senso pan-humanístico."
Senhoras e Senhores,
Se
nós não desejamos a guerra devemos olhar para as crianças Esta é a
única esperança e o único ponto de partida sábio. E não sem um profundo
significado profético, de tal modo Cristo convidou as crianças para
junto de Si. Em todas as calamidades mundiais, em todas as guerras,
conflitos, inquisições e perseguições religiosas, em todas as horas de
miséria e desamparo, Ele tem convidado, através dos séculos, as crianças
para junto de Si. Eu estou certo, se todos derem ouvidos a Sua voz
hoje, em meio aos trovões das armas, das paixões e das vinganças,
ouviriam um mesmo chamado: Deixem as crianças virem para junto de
Mim!—Não reis ou políticos, não jornalistas ou generais, não adultos,
mas, crianças. E assim também hoje, quando nós perguntamos por um
caminho para fora desse mundo miserável, quando nós in profundis das
trevas atuais pedimos pela luz, e na tristeza pelo amanhã pedimos
conselho e conforto, nós devemos olhar para as crianças e para Cristo.
PORQUE NÃO REIS?
Por
que Cristo não chamou os reis para junto dEle - os reis ou políticos,
mão jornalistas ou generais? Porque eles estão engajados demais em um
estado errados das coisas, e porque eles mesmos são altamente
responsáveis por tal estado errado das e consequentemente é difícil para
eles mudarem seus caminhos, seus corações e suas mentes. Seria muito
difícil para Napoleão e Pitt ajoelharem-se juntos diante de Cristo epara
se abraçarem. Sria quase impossível para Bismark and Gambetta
caminharem juntos. Não seria menos impossível para o Para Monsenhor
Loisy ou George Tyrell rezarem no mesmo banco. Todas as gerações estão
carregadas com pecados e perdas. Essa é a razão porque Cristo vai
somente de uma maneira pequena em todas as gerações, e então Ele se
cansa e chama por uma nova geração – Ele chama por crianças. Cristo é
sempre novo e fresco como as crianças são. Cada geração é estragada e
corrompida por uma longa existência e por um árduo trabalho.
Mas
para uma nova geração o mundo é realmente uma nova maravilha. Deus tem
se mostrado apenas àqueles para quem o mundo é uma nova coisa, uma
maravilha. Ninguém, que não admire este mundo como uma maravilha, pode
achar Deus. Para o velho Haeckel não há Deus, apenas porque para ele não
existe a maravilha. Ele finge conhecer tudo. Cristo significa nada para
ele e ele nada significa para Cristo. Cada tola criança, acreditando em
Deus e no seu maravilhoso mundo, tem mais sabedoria que o materialista
professor alemão. Cristo está cansando de uma geração velha. Tristemente
Ele chama por uma nova – por crianças. Em nossa aflição diária, eu
penso, nós deveríamos multiplicar Sua voz, chamando por Ele, por uma
nova geração e uma nova educação.
A EDUCAÇÃO QUE FAZ A GUERRA
É chamada por um nome muito atrativo, A educação individualista.
O verdadeiro nome disso é exclusivismo ou egoísmo. Nenhuma religião da
Ásia vangloriou-se de ter sido a origem de tal educação. Isso nasceu no
coração da Europa, na Alemanha. Foi introduzida por Schopenhauer e
Goethe. E posteriormente sustentado pelos biólogos, músicos, escultores,
filósofos, poetas, soldados, socialista e sacerdotes alemães, pelos
mais sábios e loucos além do Reno. Infelizmente França, Russia e mesmo a
Grã-Bretanhã não foram isentas dessa perniciosa teoria da educação
individualista.
As teorias sofistas de Atenas de outrora tem sido renovadas na Europa Central – o individuum é o objetivo final da educação. O individuum
humano é de valor ilimitado, diz a interpretação alemã do Novo
Testamento. A ciência materialista, contradizendo a si mesma, concorda
nesse ponto com a teologia moderna. A arte em todos os seus ramos,
apresentou-se como a expressão solitária do individuum, do
artista. O socialismo moderno, contradizendo seu próprio nome, apoiou o
individualismo fortemente em todos os departamentos do ativismo humano.
Consequentemente a pedagogia moderna, baseada sobre a tendência geral,
elevou o mesmo ideal individualista como o objetivo para ser alcançado
pelas escolas, igrejas, estado e por muitas outras instituições sociais.
OS RESULTADOS DO ANTIGO IDEAL
A
guerra é o resultado do antigo ideal de educação. Eu chamo de antigo
porque ele acabou, eu espero, com essa guerra. O antigo ideal europeu de
educação foi chamado de individualista. Esse ideal foi sustentado
igualmente pelas igrejas pela ciência e pela arte. O individualismo
extremo que surgiu na Alemanha mais do que em qualquer outro país,
resultado do orgulho, orgulho reaultou em materialismo, materialismo em pessimismo. Colocando sobre uma base perigosa e falsa cada mal resultado
obedecido muito naturalmente. Se minha podre personalidade é de um
valor ilimitado, sem nenhum esforço e mérito próprio, porque eu não
posso ser orgulhoso? Se o objetivo da história é produzir alguns poucos
gênios, como Carlyle ensinou, porque eu não poderia pensar que eu tal
gênios da minha geração, porque não deveria me orgulhar disso? Uma vez
preenchido de orgulho em breve serei preenchido também pelos conceitos
de outros homens. Exclusivismo e negação de Deus seguiram meu orgulho;
chamados por um mundo científico materialista. Sendo um materialista,
enquanto eu possuir alguma certeza de força física e intelectual, eu
serei orgulhoso de mim mesmo. Mas assim que o meu corpo ou espírito são
afetados por uma doença (pode ser apenas uma dor de cabeça ou de dente),
eu mergulho em um pessimismo sombrio, sempre a sombra e o fim do
materialismo. A Alemanha moderna foi, como vocês sabem, o coração do
individualismo e consequentemente do orgulho, materialismo, ateísmo e
pessimismo. O culto de personalidades fortes (hoje o Kaiser Wihelm II
mantém a integridade da Alemanha na unidade durante esta Guerra, que não
é o caso, quer na França ou Grã-Bretanha ou Rússia, onde a causa comum
mantém a unidade.
A EDUCAÇÃO QUE FAZ A PAZ
Quando
realmente as guerras acabaram na história do mundo? Assim que um novo
ideal de educação for realizado. O que é esse novo ideal de educação que
faz a paz? Eu o entregarei em uma palavra: Pan-humanismo. Essa palavra inclui tudo que eu gostaria.
O
individualismo é como um tijolo, Pan-humanismo é como um edifício.
Mesmo as grandes personalidades (seja Cézar, Rafael ou Lutero) são nada
mais que um tijolo no edifício pan-humanista da história. As vidas dos
indivíduos são apenas pontos, enquanto que a vida da humanidade é uma
forma profunda, alta e larga.
Se
as personalidades grandes e originais foram a intenção da história,
penso que a história poderia parar com o primeiro homem sobre a terra,
por nosso primeiro ancestral deve ter sido o mais marcante individuo que
existiu. Os homens que vieram depois de Adão têm sido como seus pais e
os outros. O Kaiser Wihelm II não é uma criarura tão interessante e
impressionante como de longe foi o primeiro homem. Quano o Kaiser Wihelm
II abre sua boca para falar, ele fala palavras que são conhecidas.
Quando se move ou senta, quando come ou reza – tudo isso é um nuance
somente do que outras pessoas fazem, tudo isso a partir de herança e
imitação, é um valor bastante insiginificante e individual. Enquanto que
todo som pronunciado pelo primeiro homem era completamente novo para o
Universo; todo momento importante e dramático; cada olhar de seus olhos a
descoberta de novos mundos; cada alegria ou tristeza violentamente
sentida; cada esforço uma grande acumula’’cão de experiências. E assim
por diante. Se um individuum extraordinário é o objetivo da
história, a história pode acabar com a morte de Adão. Mas a história
ainda continua. Por quê? Apenas porque Adão não era esse objetivo, mas a
humanidade; não um, dois ou dez heróis, mas, milhões e bilhões de
criaturas humanas; não apenas alguns grandes homens, mas todos os
homens, todos juntos, todos sem exceções.
Deste
ponto de vista nós precisamos obter o novo ideal de educação. O
próposito da educação não é formar grandes personalidades, mas formar
tijolos para o edifício, ou seja, fazer membros adequados de um corpo
coletivo e trabalhadores adequados para o trabalho coletivo.
TRABALHOS COLETIVOS
São superiores que as obras pessoais. Um aluno da escola antiga e individualista se oporia:
Ele: o que você acha da obra de Ibsen?
Eu: Eu acho que é incomparavelmente menor do que as antigas lendas escandinavas.
Ele: Você não acha que Alfredo, o Grande foi o verdadeiro criador do Reino Inglês?
Eu:
Nunca. Milhões e milhões de seres humanos estão incluídos na construção
daquilo que nós chamamos de Inglaterra, ou a História Inglesa, ou
Civilização Inglesa.
Ele: E o que dizer do homem que construiu a Catedral de São Paulo?
Eu:
É um trabalho coletivo, assim como todas as grandes obras que foram
feitas. A arquitetura da Catedral de São Paulo foi feita com os estilos
antigos, e nenhum estilo na arquitetura jamais foi inventado ou criado
por uma pessoa, mas por gerações e gerações.
Ele: E o que dizer de Victor Hugo e Milton? Eles não são grandes poetas?
Eu:
Sim, eles são, se comparado com certos poetas menores, mas eles não são
grandes se comparados com a poesia popular da Índia ou Grécia.
Mahabarata, o Corão, e Zend-Avesta, e a Bíblia, esses são produtos de
esforços coletivos - portanto, são superiores a todos os esforços
pessoais.
Ele: Você não aprecia os grandes economistas e o que eles fizeram para a família, e o bem-estar em geral?
Eu:
Certamente sim; mas seus trabalhos são demasiadamente superestimados.
Não se trata de um punhado de escritores econômicos, como Adam Smith e
Marx, mas o gênio comum de gerações e gerações que organizaram a casa,
definiram os móveis, criaram a culinária, construiram as cidades,
inventaram os jogos, prazeres, costumes, língua, etc
Ele: Você concorda, penso eu, que Shaljapin e Caruso têm vozes maravilhosas, não é?
Eu:
Sim, eu concordo. Mas você não concorda que um coro de milhões de vozes
humanas seria algo muito mais marcante e maravilhoso do que qualquer
cantor solo desde o início dos tempos?
Ele: Você não acredita na sabedoria dos homens sábios, como Kant e Spencer?
Eu:
Não, eu não acredito. Eu acho que é incomparavelmente mais saudável e
aplicável a sabedoria contida nos ditos populares, provérbios, parábolas
e contos das nações, cultivadas e não cultivadas, na Macedónia,
Arménia, Ceilão, Nova Zelândia, Japão, etc., do que em algumas dezenas
de os maiores pensadores da Europa.
Ele: Então quem, na sua opinião, é um grande homem?
Eu:
Um homem bom é um grande homem para mim, aquele que está consciente de
que ele é uma célula em um organismo pan-humano, ou um tijolo na
construção da história humana. Tal homem é mais homem de verdade e de
futuro do que qualquer conquistador, que pensa que uma centena de
milhões de pessoas e centenas de anos esperaram por ele só pela sua
orientação, seu trabalho, ou sua sabedoria.
É
isso que eu diria a um aluno individualista na educação. E no final, eu
gostaria de lembrar-lhe de Cristo e seu chamado pelas crianças, e do
novo ideal de educação, do pan-humanismo o qual se mantém acima
individualismo, e do trabalho coletivo de pessoas que está acima todo o
trabalho individual e mérito.
A EDUCAÇÃO COMO UM ASSUNTO INTERNACIONAL
É
bastante surpreendente e triste que outras coisas possam ser discutidas
e resolvidas como assuntos internacionais, antes da educação. No
entanto, você tem centenas de coisas reguladas por leis internacionais, e
entre estas centenas de coisas, a educação ainda não é reconhecida.
Você tem a Instituição Internacional da Cruz Vermelha, as leis
internacionais sobre comércio, pesca, turismo, direitos autorais, crimes
políticos, atrocidades em tempo de guerra, etc. Mas esta guerra mostra
claramente que a educação - antes da qualquer outra coisa - deveria ser
um assunto de consideração e regulamentação internacional. Eis aqui,
como ilusória são todas as restrições internacionais, quando a educação
de uma nação é excluída, sem qualquer controle! Quando a educação
Nietzschiana na Alemanha ensina a juventude alemã a desprezar todos os
vizinhos, todas as nações e raças como os inferiores, como você pode
esperar que os alemães a respeitem as leis e regulamentos de guerra
sobre a Bélgica, sobre submarinos - e Zeppelins -, e uso de balas
dum-dum e de gases venenosos? Se há algo a aprender com esta guerra é
sem dúvida isto: A educação da juventude em todos os países do mundo,
deve-se tornar um caso internacional de primeira importância.
O CZAR RUSSO, SR. CARNEGIE E NOBEL
O
czar russo sugeriu a Conferência de Paz de Haia. Sr. Carnegie construiu
um Salão de Paz maravilhoso, formou várias comissões para a
investigação das crueldades de guerra durante a guerra dos Balcãs, e
fundou muitas bibliotecas públicas para a instrução dos pobres. O nobre
Nobel deixou sua grande fortuna em apoio das melhores obras da
literatura ou da ciência que têm por objectivo o bem geral da
humanidade. Se eu fosse ou o czar russo ou o Sr. Carnegie ou Professor
Nobel faria nenhuma das três coisas mencionadas, mas eu gostaria de dar
sugestões e apoio material a uma Junta Internacional de Educação.
Essa
é a questão de se começar para consolidação do mundo. Lamento dizer que
nenhum destes três grandes amigos da humanidade escuta as palavras
proféticas de Cristo: Deixe que as crianças venham a mim! e nenhum deles
chegou a entender que reformas sociais ou fundações filantrópicas da
humanidade não são possíveis de acontecer -até mesmo iniciar - exceto
através das crianças. A Conferência de Paz, sendo antes um tribunal do
que qualquer outra coisa, é espancado pela educação guerreira
descontrolada da nação alemã. Livros de Carnegie foram lidos por pessoas
adultas que já tinham um sentido na vida, e o Hall de Paz do Carnegie
em Haia ainda é um escritório sem negócios. O Prêmio Nobel foi dado
também para alguns professores alemães, que são responsáveis pela nova
pedagogia na Alemanha.
MÃES, PATRIOTAS E SACERDOTES
Estes
três podem ser os melhores partidários possíveis ou os piores inimigos
de seu esquema educacional. As mães, por natureza, adoram seus filhos e
estimulam seu individualismo. Os patriotas tentam relacionar todo o
coração e a imaginação de uma criança para o seu próprio país.
Sacerdotes pedem toda a simpatia de uma criança para o seu credo e sua
igreja. Ser individualista, ser um patriota e crente são dons naturais
de uma pessoa saudável. Mas o amor maternal exagera muitas vezes o
individualismo de uma criança e faz com que essa seja egoísta;
patriotismo quando exclusivamente cultivado degenera em chauvinismo; e a
educação exclusiva da igreja cria um intolerante. Estes três tipos de
pessoas (infelizmente! a maioria), egoístas, chauvinistas e
intolerantes, serão contra um esquema internacional de educação. Mas
você deve dizer para as mães sensatas: A educação internacional de seu
filho não vai acabar com sua individualidade, mas, pelo contrário, vai
usá-la para o melhor proveito para a humanidade e para si mesmo. Você é
um inimigo do seu filho se você o educa para ser um egoísta. No egoísmo
se tem a pior companhia nesta vida, a companhia que leva ao pessimismo e
desgosto da vida.
Você
deve dizer aos patriotas sensatos: educação internacional aprova o
patriótico como uma inclinação natural; a nova educação somente pretende
fazer uma janela em cada pátria para que a criança possa ver os seus
vizinhos e esticar sua mão para cumprimentá-los.
E
tens de dizer aos sacerdotes sensatos: A Junta Internacional de
Educação permitirá que todas as crianças vá para a sua própria igreja e
aprender o catecismo de seu próprio pároco; mas serão trazidas em
contato com as crianças de diferentes credos, e vai rezar com eles sobre
a terra geral de todos os credos.
A JUNTA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO.
1. É composta pelos representantes de todos os conselhos de educação no mundo.
2. Os membros do conselho devem representar oficialmente seu próprio país.
3.
O conselho será apoiado materialmente pelos respectivos Governos, e vai
dispor de uma grande fortuna a partir de heranças privadas. Pois todos
os filantropos e pacificadores e simpatizantes da paz vai apoiar uma
instituição desse tipo, em vez de qualquer outra no mundo.
4. A autoridade deste conselho será igual a autoridade de um congresso político internacional.
5.
Seu dever será o de controlar a educação em todo o mundo, banindo ou
restringindo o individualismo, o egoísmo, o chauvinismo, a intolerância e
promovendo por todos os meios o pan-humanismo, desenvolvendo a mente
para o trabalho coletivo, a ajuda mútua, a bondade pessoal, humildade e
grandeza social.
PARA UNIR AS CRIANÇAS DO MUNDO.
Deixe
que eles se conheçam o mais rápido possível; Quero dizer, as crianças
da Inglaterra e as crianças da Sérvia, as crianças da Rússia e as
crianças da França. Para que eles conheçam uns aos outros e notem que
todos são seres humanos, e que todos possam sorrir em simpatia uns com
os outros. Deixe-os viajar para os países dos outros. Quero dizer, as
crianças da Alemanha e as crianças da Itália, as crianças do Japão e as
da Escandinávia. Deixe que eles vejam que cada ponto da Terra é
maravilhoso de sua maneira, e quão digno de amor e de patriotismo.
Quando é que as empresas ferroviárias e empresas do navio irão dizer:
Deixai as crianças virem até nós? Quando eles providenciarão os melhores
trens, melhor do que os trens reais, o mais cômodo e decorado com
flores e bandeiras de nações diferentes, com uma bandeira especial da
União Mundial da Criança? Quando chegar o momento que a maravilhosa
comunicação moderna começar a ajudar as crianças a conhecerem uns aos
outras e fazer visita uns aos outras, neste momento é que a invenção do
vapor e a eletricidade se justificará. Na transferencia de tropas e a
facilitação do crime, não se justifica. Deixe que as palavras das
comunicação não existam só pelo crime ou pelo pão; faça-as em prol da
paz e das almas.
Deixe
que eles cantem juntos, cada um em sua própria língua; Eu me refiro as
crianças do Oeste e do Leste, do Norte e do Sul. Você deve ter visto no
outro dia, na Mansion House, quando os meninos ingleses e sérvios se
reuniram e ouviram os ingleses cantando em sérvio e os sérvios cantando
em inglês, e você provavelmente ficaria fascinado pela doce revelação do
mundo futuro.
Deixe
que as crianças do Leste e Oeste, do Sul e do Norte, orem juntos. Por
que não? Traga-os, milhares deles, a uma montanha, sobre a qual os
nossos antepassados rezavam, e lhes permitam se ajoelhar ao pôr do sol
e que cantem alguma oração comum, que todos sabem, ou, se eles não têm
esse tipo de oração comum em seus credos, deixe que apenas se ajoelhem e
rezem silêncio! Tal oração silenciosa vai fazer mais bem do que
qualquer discussão antiga de mil anos sobre religião. É muito fácil
convencer todas as crianças do mundo, só por serem crianças, que elas
possuem um Pai Celestial, e que devem enviar as suas orações a ele. Mas
mesmo se eles enviam suas orações em direções diferentes, elas chegarão
ao mesmo lugar. Todas as orações, não importa de onde e quando foi
enviada, sempre irá da mesma maneira.
Deixe
que as crianças do gelado norte troquem correspondecia com aquelas de
regiões tropicais. Milhões de cartas são escritas e enviadas a cada dia,
são utilizadas para o absurdo e o mal. A comunicação por cartas vai
justificar-se muito mais por pelas crianças, com verdade e o amor, do
que carregando notas diplomáticas pérfidas ou mensagens que significam
absurdos. Um dos eventos inesquecíveis na Sérvia durante a guerra
aconteceu em 1914 no dia de Natal, quando um navio americano chegou e
trouxe presentes e cartas de crianças da América para as crianças da
Sérvia. Esta mensagem maravilhosa produziu uma emoção imaginável entre
as crianças sérvias. Elas se ocupuram, ficaram muito ocupadas por
algumas semanas, lendo cartas amigáveis de tão longe, e
respondendo-as. Estou certo de que vão esquecer muitos acontecimentos
tristes da guerra, mas nunca se poderão esquecer estas cartas
maravilhosas e surpreendentes, que fez mais para a paz do que qualquer
das comissões onerosas de investigação de crueldades de guerra, ou
qualquer um dos luxuosos e vazios, apesar de maravilhosos, salões da paz
de Carnegie.
Deixe
que as crianças, representantes de todos os países do mundo, cheguem a
Haia para realizar o Congresso Internacional da Paz. O programa deste
Congresso deve ser: cantar, tocar, dançar, sorrir e orar. Eles vão se
conhecer como amigos e falarão cada um na sua língua nativa, e irão
entender um ao outro muito bem como amigos sempre se entendem.
Conferência da Haia das crianças vai promover a paz mundial mais do que a
Conferência da Haia composta de inimigos, importunados pela entre si
pela educação obrigatória e mau francês.
Mas, você vai se perguntar: quem é que vai organizar e executar tudo isso? A Junta Internacional de Educação.
Mas,
você vai se perguntar, vai ser muito caro? Sim, mas, supondo que vai
ser tão caro quanto a guerra, para a qual das duas você prefere dar
dinheiro - para uma experiência salvadora ou para uma guerra? Contudo,
tenho certeza de uma coisa, custará menos que uma guerra.
CONTROLE INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO.
Se
você não tomar cuidado para a educação de um país, todas as outras
precauções internacionais para a paz e a compreensão mútua serão
ilusórias.
Uma
Junta Internacional de Educação deve controlar os programas de educação
de todos os países. Deve observar o princípio que prevalece em todos os
programas de ensino, ou seja, o princípio do Pan-humanismo. Ela não
deve interferir quanto à forma de educação, não, longe disso, mas
observar a unidade do princípio da educação sobre todo o globo. Deve
cuidadosamente evitar todas as palavras de ordem que criam separações e
guerras, como "Alemanha, Alemanha sobre tudo!" A criança deve amar o seu
próprio país, mas deve saber também que o seu país não é algo maior que
todas as outras coisas. Deve ser ensinado que Deus e a humanidade estão
acima do seu país.
Ela
deve controlar não apenas os programas governamentais de educação, mas
também deve observar as mães, os patriotas e padres. Deve tentar ter
essas três potências não como inimigos, mas como aliados e missionários
de uma educação superior e pan-humana.
O TERCEIRO ESTÁGIO DA EDUCAÇÃO EUROPÉIA.
Existem três etapas da educação na Europa Cristã:
1.
Obediência obrigatória. Na Idade Média, quando os homens eram obrigados
ao trabalho em comum pela autoridade da igreja e da nobreza.
2.
O experimento com o individualismo. Desde o Renascimento, especialmente
desde Rousseau - uma personalidade que colocou como centro e objetivo
da educação, o repúdio a toda e qualquer compulsão.
3.
Obediência voluntária. É a educação de amanhã. É uma fase em que todos
os homens verão a sua missão em seu trabalho coletivo, e, portanto,
voluntariamente, se prenderão no organismo panhumano, mergulhando suas
personalidades imaginativas e pontuais em uma grande personalidade e
mística da humanidade.
A
obediência voluntária significará uma escravidão voluntária. Nós vamos
ser escravos novamente, mas não por compulsão real ou papal, mas pela
nossa boa vontade; vamos ser escravos como as partes de um corpo são
escravos e servos uns dos outras, e, como os tijolos são escravos e
servos de um grande edifício. Vamos ser "prisioneiros do Senhor", como
diz São Paulo, ao invés de, como hoje, prisioneiros de nossos sonhos,
imaginações e ambições.
Esta
guerra fechará um período de uma educação errada, e vai abrir um
período de um caminho certo. Ele vai abrir os nossos olhos para que
possamos ver como todos nós somos um, e como o maior de nós não é nada
mais do que uma célula maior no imenso organismo da história.
Não
há esperança no futuro naquilo que os políticos ou generais estão
lutando agora. A única esperança e garantia está nas crianças. Uma nova
educação na bondade pessoal direcionada para a grandeza social é a única
guerra saudável. Portanto, vamos olhar para as crianças!
Dircurso proferido em 16 de julho de 1916.
por
SÃO NIKOLAI VELIMIROVIC
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